quarta-feira, janeiro 31, 2007

volto já

estou no meio de uma tradução de quarenta e três páginas; pior de tudo, é do português para o inglês. dá até medo só de olhar... mas vou conseguir. e se eu conseguisse chegar em dezenove antes de dormir... huh... já volto.

medievo

com essas coisas do mundo adulto, a trilha sonora tem que se adequar. a música dos últimos dias tem sido "O mundo anda tão complicado", da Legião Urbana. sempre gostei dela, e tem umas coisas que a tornam ainda mais atrativa: uma delas é que normalmente quem não gosta da banda gosta dessa música, outra é que ela é tão simples que me deixa emocionado.

gosto de ver você dormir
que nem criança com a boca aberta
o telefone chega sexta-feira
aperto o passo por causa da garoa
me empresta um par de meias
a gente chega na sessão das dez
hoje eu acordo ao meio-dia
amanhã é a sua vez

vem cá, meu bem, que é bom lhe ver
o mundo anda tão complicado
que hoje eu quero fazer tudo por você.

temos que consertar o despertador
e separar todas as ferramentas
que a mudança grande chegou
com o fogão e a geladeira e a televisão
não precisamos dormir no chão
até que é bom, mas a cama chegou na terça
e na quinta chegou o som

sempre faço mil coisas ao mesmo tempo
e até que é fácil acostumar-se com meu jeito
agora que temos nossa casa
é a chave que sempre esqueço

vamos chamar nossos amigos
a gente faz uma feijoada
esquece um pouco do trabalho
e fica de bate-papo
temos a semana inteira pela frente
você me conta como foi seu dia
e a gente diz um p'ro outro:
- estou com sono, vamos dormir!

vem cá, meu bem, que é bom lhe ver
o mundo anda tão complicado
que hoje eu quero fazer tudo por você

quero ouvir uma canção de amor
que fale da minha situação
de quem deixou a segurança de seu mundo
por amor

high rising

então, tudo bem por aí? minha vida está um tanto agitada por esses dias. não bastasse algumas preocupações pontuais, as coisas ganharam em, digamos, complexidade. melhor organizar isso em tópicos:

- Telerj: é meu primeiro emprego fixo, de oito-às-seis, descontado meu pequeno período numa produtora cultural entre 2005 e 2006. e é estranho isso de ter chefe presencial, rede interna, pasta compartilhada, uma baia e um ramal. e de ter reuniões enfadonhas também. nessa semana e na próxima estou passando por nove dias de "aclimatação", tendo uma palestra sonífera atrás da outra, e testando todos os provedores de alimentação das redondezas: do marmitex de quatro reais ao quilo de 25,90. só não vai dar para encarar o Piantella, que fica ali por perto, porque não é lugar para almoço executivo, e sim para ir com a pessoa amada.

- barraco: o dono do meu apartamento pediu-o de volta. antes, ofereceu o imóvel para que eu o comprasse. segue a minha conversa com a dona da imobiliária:

"- então, Luís Fernando..."
"- Luís Eduardo, Rose."
"- então, Luís Fernando, o Jorge nos procurou essa semana, ele tá querendo vender o apartamento e, como você é o locatário, tem preferência na hora da compra."
"- só de curiosidade... quanto ele quer?"
"- cento e sessenta mil."
"- manda três pra viagem."
"- ahn?"
"- desculpe, não tenho grana. boa sorte para ele na venda."

dois dias depois, o apartamento estava vendido. com os proventos de funcionário público e a facilidade de linhas de crédito que isso acarreta, me sugeriram que comprasse um apartamento em Clearwaters (uma cidade-satélite aqui de Brasília), cujos preços estão relativamente baixos e cujos apartamentos são feios-por-fora-mas-gatos-por-dentro.

depois de muito deliberar, cheguei à conclusão de que vou continuar alugando um apartamento no Sudoeste. graças à amizade com o Marcelo Christian, soube de um apê que vai vagar na quadra logo depois da minha, devo conhecer suas dependências na semana que vem. e já estou pensando na mobília e em tudo que ele terá dentro.

- separação: com o novo apartamento, vou morar sozinho, o que vai demandar um computador para mim (esse aqui é do Lelo). com isso, talvez este blógue tenha menos atualizações, mas aí não é de propósito não: apenas pequenos problemas técnicos enquanto meu Macbook não chega.

é hora

bom, depois de passar mal aqui com meus botões, decidi que era hora de voltar com este blógue. isso, claro, dependendo da resposta que eu tiver. quanto mais manifestações dos leitores, menos isso aqui tem chances de acabar. sendo assim, apareçam ou eu afogo este blógue.

terça-feira, janeiro 30, 2007

um post que eu gostaria de nunca escrever

suspendo temporariamente meu exílio no décimo andar para escrever sobre algo que eu nunca gostaria de escrever. depois de uma longa luta, faleceu na noite de ontem a d. Bernadete, mãe dos meus queridos Felipe, Erika e Cláudio. tenho tendência a, sempre que acontece uma coisa dessas, colocar-me no lugar do filho da pessoa que nos deixa e pensar o que é que seria da minha vida se acontecesse (toc toc toc) com meus pais.

mas não gostaria de falar desse ponto agora, e sim de registrar que estou abalado com a notícia. e queria expressar minha solidariedade com eles mais o Penna, a d. Edina, os irmãos da d. Bernadete e todos os que com ela conviveram. fica difícil lembrar de uma pessoa tão lutadora quanto ela, por toda a vida, até o último instante. e é preciso agradecer, também, tanto pelo carinho que ela me dedicou quanto pelos três amigos maravilhosos que me deixou de herança. é o que posso fazer, então muito obrigado, dona Bernadete. e a eles, se estiverem lendo isso, que contem comigo para o que quiserem / precisarem.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

gongando

e bem no momento mais tedioso da conversa rolou aquela reação inesperada que salvou-me da morte: enquanto meu interlocutor falava sobre algo que não gostava, eu bocejei gostoso. foi totalmente involuntário, mas foi uma delícia perceber que meu corpo não concordava nem um pouco com aquilo.

Alexandria

o negócio é ser como o diamante: ter o mesmo brilho e a mesma resistência. um dia eu chego lá.

*

meu pai me informa que nesse momento chove a cântaros em Deprelândia, enquanto aqui as coisas estão quentes como num dia senegalense médio. melhor tomar cuidado ao sair de casa hoje, melhor comprar um chapéu de chuva (guarda-chuva, se você for brasileiro).

*

volto da academia. parece que ontem eu jantei granito, de tão difícil era fazer os abdominais hoje. mas foram 30 a mais do que a minha série manda, então tá legal.

*

é duro tentar escrever quando não se tem nada a dizer né? é duro feito diamante...

bidu

academia, escritos, trabalho. é pra isso que eu vivo. é o que tem na minha agenda hoje. aaaaaah, delícia.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

proibido chegar

eple diz:
você tem cara de vidente, Zegedro
Zegedro diz:
hahahahahahaha
eple diz:
podia muito bem comprar um turbante, tomar um ácido e montar uma banquinha ali perto do McDonalds da 5
eple diz:
e começar a prever a desgraça alheia
Zegedro diz:
boa...
eple diz:
"o que tem hoje? ih, você vai morrer"
Zegedro diz:
"se vc olhar pro lado agora vai levar um tapa" aí é claro que o cara olha. e eu: PÁ!

shut up

tua mãe, Delfim. porque eu não sou marxista porra nenhuma.

(não estou) em Nova Iorque

- tomei posse no serviço público
- senti no corpo a tentativa de me readaptar a acordar cedo
- quase matei meu pai de tanto orgulho
- me aborreci com a falta de coisas novas para ouvir no carro (as mixtapes do Zero 7 e do Tiësto precisam ser gravadas, e logo)
- comi sanduíche de pernil com queijo e abacaxi, à la Cervantes, no Carpe Diem do Terraço Shopping
- constatei o medo alheio
- fiz alinhamento nas rodas do meu carro
- percebi que preciso de muitas camisas sociais
- li um pouco sobre dialetos finlandeses falados na Estônia e sobre uma ilha finlandesa onde a língua oficial é apenas o sueco
- escrevi aquele editorial sobre ouro para o Portal do Geólogo
- estressei o Craudio pedindo para que ele passasse a entrada abaixo para o alemão
- descobri que a noiva do meu irmão mais velho tem um blógue

acho que foi isso. se você participou do meu dia e quiser me lembrar de alguma coisa legal que rolou, me avise.

33

Als ich die Folie von der Lunge für den Arzt, im Gesundheitszentrum, sah, zeigte er mir das Klümpchen von 1cm groß, so demonstrierte die Entscheidung der Prüfung, daß ich so ein Ding hatte, sagte ich auch daß mein Arzt in Bedrückungland mir mitgeteilt hatte, dass es nichts besonderes war. Dieser Arzt meinte dass es vom eine schelcht geheilte Lungenentzündung geht, und - meinte er - die portugiesisch Erbe, manchmal führt, jene Sachen im Körper zu erscheinen, wegen der Genetik. Ich vergaß, dem Arzt zu fragen, falls schlecht geheilte Leidenschaften auch sowas verursachen können, und falls sie es schaffen, vielleicht bei mir ist es keine Tuberkulose.

(tradução de Cláudio Chad para um post que eu não queria que entrasse em português. valeu, mestre Craudio)

é o "oro"

prestigiem lá no Portal do Geólogo o meu editorial indicando que investir em ouro pode ser uma boa opção para quem quer algo a longo prazo. comentários serão muito bem-vindos.

l'inspecteur

cheguei há pouco do laboratório, onde fiz um exame que já deveria ter feito. não queria furar o braço mais uma vez, mas a exigência foi imperativa e eu tive que dar o braço a torcer, ou melhor, a picar. o resultado sai na hora do almoço, trinta horas antes do prazo inicialmente estipulado. e, para adiantá-lo, bastou dizer "amanhã à noite é muito tarde, não tem condições" enquanto fazia um olhar do tipo "ou você muda isso pra daqui a cinco horas ou você sai daqui direto pr'uma gaveta do IML".

*

senha número doze, é minha vez.

"- Luís Eduardo?"
"- bom dia, sou eu."
"- por aqui, por favor."
"- ah, ok."
"- você não chora não, né?"

como assim? eu não sou emo, oras.

"- não, não choro. mas não posso ver sangue, tenho que olhar pro outro lado."
"- não se sente bem?"
"- das duas últimas vezes que fiz isso eu desmaiei."
"- e seringa e agulha, pode ver?"
"- não."
"- nem pra ver se é descartável?"
"- eu sei que é."
"- não pode confiar assim nos outros."
"- tem razão, perdi minha confiança em você."

*

na saída, surpresa: três fornos elétricos e duas máquinas de café da Nestlé, esperando para fornecer pão de queijo e capuccino de graça para quem fizesse exame. comi cinco mini-pãezinhos e tomei dois capuccinos carregados de adoçante e canela, doces a ponto de transformar a glicose de uma pessoa média em... sei lá, um merengue humano. só não tomei de baunilha porque não tinha, do contrário eu tomaria cinco e mudaria meu nome para Henrique Coelho. e voltei pra casa ao som de "Still life", do Suede, aquela música que adoro ouvir pela manhã, logo depois que acordo e me certifico de que estou vivo.

tudo bem, "Still life" tem o sentido original de "natureza morta" e fala sobre uma dona de casa que fica numas de "isso não é vida". talvez a minha também não seja, afinal.

terça-feira, janeiro 16, 2007

roedor

a Anita é um gato tão legal que a sílaba tônica do miado dela é a primeira. assim, ao invés de dizer "mi-áááu", ela diz "míííau". isso quando diz alguma coisa, é claro. ela deve miar uma vez por semana, e é tão baixo que ninguém escuta - a menos que seja à beira da porta da varanda, pedindo para que a gente abra e ela possa tomar um ar.

acho que só ouvi ela gritando uma vez na vida, quando a gente decidiu adotar uma fêmea que morava no telhado do vizinho e estava em gestação. a Reclamita (nome dado ao gato porque só sabia reclamar) foi se aproximando da Anita, chegando perto cada vez mais... e Anita, que tem certeza que é a dona da casa, impassível. quando a Reclamita chegou a uma polegada de distância da Anita, ela não agüentou: soltou aquele berro "MÍÍÍÍÍÍÍAU" e saiu correndo. foi muito engraçado, e é um dos sons que não consigo apagar da minha cabeça.

dedicatória

estou com preguiça de escrever. muita. tanto aqui quanto profissionalmente em qualquer lugar. very disgusting. eu sei, eu não deveria ser assim. e quanto mais penso nisso, mais dá preguiça.

*

na falta de coisas a se escrever, uma dica: uma página com webcams nas Caraíbas (Caribe, se você for brasileiro), várias delas apontadas para a praia, bem aqui. entrei em umas cinco delas hoje, só para pensar em como seria bom ouvir alguma coisa de chill-out, deitado de frente pro mar, besuntado de FPS 60, tomando alguma coisa tipo Schweppes Citrus. é, tudo bem, podia ser algo alcoólico, mas estou com vontade de algo deliciosamente ácido. e de ver o sol se pondo como uma enorme bola de fogo no horizonte, o céu vermelho e aquela sensação de infinito.

*

não queria começar a quarta-feira tirando sangue para fazer um exame ridículo. mas nem sempre dá para estar nas Caraíbas, né?

não deu

essa Playboy da Tricia Helfer foi uma decepção, não acharam? ela não mostrou nada, o que é uma pena. tudo bem, ela é linda de todo jeito... mas a Playboy costuma ser comprada por mostrar mais, não?

onze

felizmente, o boato de hoje cuja confirmação eu esperava desde a semana passada se concretizou. ufa. parabéns para todos nós...

segunda-feira, janeiro 15, 2007

graças

uma boa notícia veio do governo (coisa rara...) nesta segunda-feira: o Zé Alencar, presidente em exercício, sancionou a lei que tira do Instituto Brasileiro de Resseguros o monopólio dos resseguros no Brasil. como todo mundo lembra (ou ao menos deveria), o IRB foi um dos focos de corrupção endêmica cagüetados pelo Roberto Jefferson, dois anos atrás. infelizmente, no entanto, o governo não pretende privatizá-lo.

mendelévio

mês que vem eu entro na Telerj. tem tudo para não ser férias (trabalha-se bastante por lá), mas já estou redigindo um plano aqui para ser como se fosse. quando chegar mais perto, vou esmiuçar a coisa por aqui.

pro tronco, Isaura

oi, meu nome é Isaura e eu sou uma escrava da academia. meu instrutor é o sinhozinho, a esteira ergométrica é o tronco. o avaliador físico, que é o coletor de impostos do Império, disse na semana passada que Isaura tinha mais gordura do que parecia, então falou pro sinhozinho aumentar o tronco e o circuito "de joelhos, cão" pra Isaura, aí agora a escrava tem que correr 10 minutos a mais do que antes.

no primeiro dia com isso, sexta-feira passada, ainda era teste, e Isaura mal se agüentava em pé. ainda por cima, deve ter acabado com a água de toda a fazenda, de tanto que bebeu. e saiu do tronco-academia pensando "sinhozinho é muito malvado, Isaura nunca vai conseguir isso", de modos que nessa hora Isaura nem sentiu mais vontade de voltar no tronco para tomar nova surra na segunda.

mas Isaura é uma escrava de fibra, e decidiu suportar o capataz e todo o establishment rural mais uma vez. e não é que, tomando as devidas precauções, Isaura hoje tirou mais ou menos de letra o novo castigo? pois é, correu tudo bem. na hora combinada, a danada agüentou firme as porradas do branco opressor e ar-ra-sou, como diria a modista da sinhazinha fashion week. e amanhã Isaura vai pro tronco cantando, podem apostar :)

feira

calcular coisas é tão legal, não?

domingo, janeiro 14, 2007

pérola

quando eu tento ser um rapaz sério, ela não me leva a sério. uma pena que o susto seja maior que tantas outras coisas melhores, não?

W

coloquei uma música que me fez lembrar do quão importante (e gostoso) é saber das prioridades que tenho de colocar na minha vida - e efetivamente colocá-las. "esse é o ano", já disse ontem o profeta Rollo.

*

leio na "Veja" que o "Casino Royale" é o filme de maior bilheteria no Brasil e fico animado: não é uma guinada do Brasil rumo ao bom gosto, não é uma constatação de que os espectadores gostaram de ver o Bond apaixonado (coisa que não acontecia desde o George Lazenby), é apenas uma pequena boa notícia. e tá ótimo assim.

*

a quem puder ler, vale a pena a entrevista do Armínio Fraga pra "Veja" dessa semana. um cara que cita Eça de Queirós ao falar do gosto nacional pelo Estado protetor, e que tem quase três bilhões de dólares na carteira de investimentos da empresa, merece ser ouvido.

*

mais Bond (todo mundo aqui já deve estar de saco cheio): um dos grandes motivos pelo qual eu gosto tanto do tema de abertura desse último filme é porque ele tem o verso "arm yourself because no one else here will save you", uma máxima que faz parte da minha vida já há um bom tempo; nesse ponto, é como se Bond e eu fôssemos iguais. é o mais perto que consigo chegar dele.

clepsidra

estava com vontade de batizar todas as entradas deste blógue com nomes de mulheres, durante um dia, mas desisti. não quero ser mal interpretado.

por falar em interpretações, escrevi algo para cá, mas preciso do Craudio ou do Felipe para converter o texto para o alemão. se eu coloco em português, é má interpretação na certa.

é verdade, eu não devia me preocupar tanto com interpretações alheias. mas, se dá para prevenir o problema, melhor fazê-lo.

sábado, janeiro 13, 2007

herói

Fernando Pessoa é meu herói. provavelmente o maior poeta mundial no século passado e um gênio da heteronimia, ainda fez aquele que acho o melhor livro da história, o "Livro do desassossego". e agora, meu deus, mais um motivo para que ele seja meu herói: ele era um liberal econômico, conforme o texto abaixo, da Folha de hoje:

Coletânea traz Fernando Pessoa como defensor do liberalismo
por Vinicius Mota

Quando o liberalismo submergia, Fernando Pessoa lhe prestou efêmera mas sólida homenagem. Vale a pena ouvir o poeta falar de novo, depois que a doutrina retornou à superfície com a força dos fenômenos naturais.

A proposta é de Gustavo Franco, organizador do volume "A Economia em Pessoa". O ex-presidente do Banco Central não se limitou a republicar a breve série de artigos sobre comércio do português, quase todos de 1926. Redigiu prefácio, definiu títulos e elaborou apresentações com o fito de mostrar que Pessoa daria ótimo polemista liberal na atualidade.

"Governança corporativa", "privatização", globalização", "clusters", "branding" são alguns dos termos fora do tempo de Pessoa que vieram, pela pena de Franco, dar mote aos textos do poeta. O uso desse anacronismo provocativo produz resultados interessantes.

Desregulamentação

"Contra as Algemas no Comércio" é o artigo que melhor cumpre o programa de Franco. Veste à perfeição o figurino "Desregulamentação" do título dado pelo organizador. Fosse publicado hoje em uma revista como a britânica "The Economist", ninguém estranharia.

Fernando Pessoa condena a restrição, pelo Estado, de qualquer tipo de comércio. Barrar importações de artigos de luxo não evita a desvalorização da moeda, pois os outros países tendem a fazer o mesmo.

"Resultado final: prejuízo para o importador; nenhuma influência no câmbio; prejuízo para o exportador; irritação do consumidor." Todo entrave à troca livre prejudica a população, diz Pessoa. Franco identifica no poeta o "moderníssimo apelo aos "interesses difusos", consumidores e contribuintes como vítimas contumazes do voluntarismo estatal".

A atualidade de Pessoa como polemista liberal tem suas explicações. Uma diz respeito ao caráter algo genérico das discussões. A "Revista de Comércio e Contabilidade", para a qual o poeta escreveu a maioria dos textos, alvejava um público devotado a coisas práticas. Daí a linguagem leve, as narrativas alegóricas, os conselhos e os aforismos de auto-ajuda.

Além disso, o poeta passou a juventude em colônias inglesas sul-africanas. Formou-se em escola britânica e estudou comércio. Adulto, não viveu das artes, mas de cuidar da correspondência estrangeira e de traduções em firmas comerciais.

A melhor tradição liberal britânica fala nos textos de Pessoa sobre comércio. "Quanto mais o Estado intervém na vida espontânea da sociedade, mais risco há de a estar prejudicando", poderia vir de Adam Smith ou John Stuart Mill. O artigo sobre "as algemas" poderia ser assinado por Herbert Spencer (é inspirado em "O Homem contra o Estado", de 1884).

O curioso é que Pessoa, em 1926, pregava no deserto. Desde 1870, a hegemonia das idéias e das instituições liberais vinha sendo solapada. A Revolução Russa e a Grande Guerra eram apenas os golpes mais recentes. Ainda sobreviriam a devastadora crise econômica de 1929 e o auge das ditaduras fascistas.

Pessoa notava a transformação. "O aparecimento de concorrências nacionais sobrepondo-se às individuais e o desenvolvimento do princípio sindical" marcavam, dizia, a novíssima etapa da evolução do comércio. Mas, pelo visto, ele não se acomodava àquela onda; era um homem de outro tempo.

Encerrou logo a carreira de articulista econômico e foi cuidar de poesia. De volta, 80 anos depois, o Fernando Pessoa comerciante já não fala sozinho.


A ECONOMIA EM PESSOA * * *
Organização: Gustavo Franco
Editora: Reler
Quanto: R$ 44 (186 págs.)

sem explicação

sonhei hoje que estava em Portugal com uns amigos, e que achei, na sorte, a casa do meu dileto amigo Pedro, quando estava no Porto. no sonho, ela ficava bem em frente a uma agência do Banco do Brasil (!!!), então aproveitei e mostrei-lhe a agência do BB na W3 Sul, que foi rebatizada "Banco do Pedro" por causa desta nova campanha publicitária em vigor.

então ele nos chamou para jantar. como meus tênis estavam um tanto sujos, achei por bem tirá-los e ficar de meias no interior da casa dele. durante o jantar, percebi que eles jantavam com velas embaixo da mesa (!!!), e que teria de fazer um certo esforço para que meus pés não queimassem. da parte do Pedro, tudo que ele me disse foi "péssima hora para tirar os ténis, Eduardo", hahahahahahaha...

a letra certa

doze horas de sono operam um milagre: estou bem acordado e bem disposto, capaz até mesmo de operar um milagre hoje.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

vitamina B6

Modjo - "Chillin'"

estranhezas. os últimos discos que baixei são todos de música eletrônica bem comercial: um do Modjo, um do Tiësto, uma coletânea de house music francesa chamada "My house in Montmartre", o novo do LCD Soundsystem. tirando umas crises de ouvir Johnny Cash (crise no sentido de recaída, não no de deprê) e "You know my name", música ultimamente é batidinha, no sentido de que ainda não tomei uma bala e fui pra Trend dançar. ainda.

*

Stardust - "Music sounds better with you"

minha avaliação física na academia, hoje à tarde, pode ser lida como meu atestado de óbito. estou muito pior do que pensava. em compensação, vou ficar muito melhor do que jamais pensei.

*

Andain - "Summer calling (Josh Gabriel mix)"

o verão chama. peguei minhas havaianas verde-azul-e-laranja e fui com elas ao supermercado. andar de sandálias é legal, desde que observadas algumas regras - dentre elas o dress code de cada situação. comprei Coca Light, quiches de alho-poró, patê de fígado de frango, pão integral com soja... e esqueci, mais uma vez, dos guardanapos. mas lembrei, o tempo todo, que a vida tá uma delícia.

*

LCD Soundsystem - "North american scum"

os estadunidenses não são a escumalha da humanidade, nem de longe ou se quisessem.

*

We In Music - "Grandlife"

voltei ao Subway, mas infelizmente as loiras de terça-feira já tinham ido embora. decidi arriscar e escolher coisas que nunca havia provado: o número 11, de rosbife, e uma Fanta laranja light. o sanduíche ficou em cima da média, obtendo uma nota 6. a Fanta, coitada, só conseguiu a metade disso. é uma pena, eu realmente gostaria de gostar de Fanta, me parece um refrigerante bem simpático. gostava da Fanta maçã (2002) e da Fanta morango (2003), tristemente abandonadas.

*

Spiller - "Cry baby (Målselves Memorabilia remix)"

espero que o boato da terça-feira se concretize. serão dois passos à frente de uma só vez.

vitamina D3

escolher o melhor filme do James Bond é um saco. a lista muda sempre. a minha, por agora, seria a seguinte:

1. O espião que me amava (Roger Moore, 1977)
2. Casino Royale (Daniel Craig, 2006)
3. Moscou contra 007 (Sean Connery, 1963)
4. Os diamantes são eternos (Sean Connery, 1965)
5. Um novo dia para morrer (Pierce Brosnan, 2002)

é preciso dizer que o Octopussy quase levou a quinta posição. se a música da Madonna pro quinto da lista fosse boa, esse risco não teria ocorrido.

vitamina B2

perdi quatro horas do meu dia para conseguir o atestado médico que a Telerj me solicitou para a admissão no serviço público. quatro horas, bota fé? cheguei às onze no centro de saúde do Cruzeiro (um bairro pobre daqui), para ser informado que eles fechariam para o almoço ao meio-dia e voltariam à uma. eu sabia que teria que esperar desde o meio-dia para ser o primeiro a pegar uma senha, então me plantei na porta do nosocômio (um sinônimo de "hospital" que meu pai me ensinou durante as férias) com uma "Vogue" e uma "piauí", e fiquei lendo a última do começo ao fim enquanto aguardava. fui o primeiro da fila, que era de umas vinte pessoas quando o CS reabriu. cheguei lá, me pediram pra ir a um guichê preencher uma ficha; a funcionária pegou minha identidade e conseguiu a façanha de COPIAR meu nome errado. depois de me segurar pra não quebrar o vidro, entrar no escritório e cobri-la de porrada, voltei a esperar, até que uma enfermeira me chamou pelo nome, para que eu medisse a altura, a pressão e o peso. e fui mandado de volta para a fila. lá, fui informado que a médica "só costuma chegar por volta das duas e meia", e assim aconteceu, não sem antes um senhor de 686 anos ser chamado primeiro, afinal de contas ele é velho e eu não. às 2:40 da tarde eu adentrava o consultório, onde uma senhora de cabelos brancos e olhos bem vivos, empunhando uma Montblanc tinteiro (!!!) me aguardava. ela fez piadolas engraçadinhas, trocou idéinha comigo, viu meus exames e escreveu o tal do atestado, um papelzinho ridiculamente pequeno e que me deixou três horas e meia na fila, mais quinze minutos no consultório.

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

vitamina B1

saiu hoje no Scream & Yell a lista dos melhores do ano passado. como sempre, o mau gosto impera, apesar de Dylan e Caê terem levado o disco do ano. infelizmente, só eu votei na nação sertaneja. e provavelmente só eu ouvi a melhor música do ano, "A lady of a certain age", do Divine Comedy, e só eu acessei o Estado Civil, o quarto blógue do Pedro Mexia, que fez os quatro melhores blógues da história.

atualização: o prego do Rodrigo também votou no Estado Civil, então desconsiderem o trecho final da entrada acima.

bomba inteligente

Vivo em estado de «self-fulfilling prophecy»: tudo o que eu achava que ia acontecer aconteceu, do modo como eu achava que ia acontecer. Nunca imaginei que ter razão fosse tão amargo.

é a segunda vez que cito o Pedro Mexia nessa semana. mas é impressionante ver como ele escreve melhor sobre certas coisas que eu sinto.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Galícia

comprei hoje à tarde um exemplar de "Martin Eden", do Jack London. soube da existência do livro porque ele batiza a música de abertura do disco "Blackberry Belle", do Twilight Singers. uma vez emprestei esse disco pro Buff e ele disse que ouvir "Martin Eden" logo depois de acordar o ajudava a manter a sanidade. depois ele foi atrás do livro, leu e gostou muito, a ponto de ter-me recomendado. pois tá aí.

*

depois da coincidência de "Find the river", que mencionei um pouco abaixo, uma outra coincidência, agora negativa: durante meu mês no pumping iron em Deprelândia, meu personal trainer (é, eu tinha um lá) comia bananas sempre que tinha uma oportunidade, e recomendou-me o consumo. bananas, segundo ele e metade da humanidade, previnem cãibras.

não comi uma banana sequer durante o mês e não tive uma cãibra sequer. de volta ao Distrito Federal, comprei um cacho pequeno de bananas nanicas, faz uns dias, e comecei a comê-las. dois dias depois de incluí-las no cardápio, senti uma cãibra na parte externa da coxa direita. inacreditável.

*

"You know my name", do Chris Cornell, é a música que mais tenho ouvido nos últimos dias. ela está na minha cabeça desde a noite de domingo, quando estava dirigindo na estrada perdida (que é escura pra caramba), sem nenhuma vontade de ouvir os cds que havia trazido. logo pensei na cena do "Casino Royale" em que o James Bond pega o Aston Martin DBS para ir atrás da Vesper Lynd, dirigindo numa estrada tão escura quanto essa onde eu estava. e fiquei duas horas com essa música na cabeça, me sentindo o próprio 007.

quase lá

momento "superego descontrol" ao sair da academia:

eple diz:
tô ficando trincado... gato demais... me segura senão eu vou me pegar

ondas

uma coisa que eu não tinha contado ainda é que, na volta para cá, semana passada, a gente cruzou a ponte sobre o rio Grande, que separa São Paulo de Minas Gerais, no exato momento em que tocava "Find the river", do REM. uma pequena coincidência, nada premeditada, mas que eu achei bem legal.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

silent shout (ou "bad timing")

entre antecipar-me a um fato e perder a hora, deixando o mundo passar, fico com a primeira. e sem hesitar nem meio segundo.

etc.

poucas coisas me deixam com menos esperança a respeito do futuro do Brasil como um cartório. talvez só uma junta comercial, um fórum e o presidente, quando abre a boca.

*

minha vontade de fazer a barba tem sido nula, apesar do recado claro de São Vacilão ontem à noite. explico: há uma divindade chamada São Vacilão que pune os vacilos das pessoas com alguma coisa. não importa como: vacilou hoje, uma hora vai pagar, pode esperar. e eu vacilei em não ter feito a barba na noite de ontem. pouco depois, fui ao Subway comprar um sanduíche de atum. ao sentar-me para comer, surpresa: duas mesas estavam ocupadas por quatro belas loiras cada. e não estavam juntas. na verdade, eram sete loiras e uma bela moça de cabelos castanho-claros. e eu lá, com a barba por fazer e uma roupa básica que até poderia servir pra ir buscar o jornal, mas não para socializar com tamanha loirice.

com isso, voltei pra casa com a frase "the blonde ambition" na cabeça e a certeza de que São Vacilão havia colocado as loiras no meu caminho como punição por ter saído maltrapilho de casa. droga.

*

chegou às bancas brasileiras uma revista chamada L'Uomo, com o mesmo logotipo da L'Uomo Vogue italiana - só que sem o Vogue no final, evidentemente. ela aposta naquele velho filão de revistas para metrossexuais e congêneres, tal qual a Romano, a UM, a VIP e a Homem Vogue. tem alguns artigos interessantes, incluindo um belo panorama do mercado de private banking, mas dois problemas crônicos: primeiro, uma falta de personalidade crônica (mal que também acomete a UM e a Romano), especialmente no editorial de moda, cujas fotos são bem vazias e sem um tema definido.

segundo, escorrega para a pieguice ao falar verdades acacianas, como na matéria sobre as qualidades dos executivos que as empresas vêm procurando. diz o texto, por exemplo, que "estrelismo" está fora de moda nas empresas. e desde quando esteve? se aparece uma estrela no meio corporativo, é por destaque natural ou porque foi contratada a peso de ouro. querer brilhar fora dessas duas maneiras sempre foi dar um passo em direção à guilhotina - e sempre será. então não sei pra quê perder um parágrafo falando dessas coisas.

fora isso, essa L'Uomo é de editora pequena, o que significa um budget provavelmente bem pequeno - explica-se, assim, a falta de editorial de mulher em fotos sensuais. e o projeto gráfico usa preto além do indicado.

*

esse ano, se tudo der certo, conseguirei repetir o feito do ano passado e não ouvir nenhuma música de natal. se o Mark Chapman tivesse dito que matou John Lennon por causa de "Happy xmas (war is over)" e eu fosse jurado de seu julgamento, provavelmente tê-lo-ia inocentado.

rumo ao tri

apenas pela conclusão, na última frase, esse post do Estado Civil já decreta o que fatalmente deve acontecer no fim do ano: o Pedro Mexia terá, pela terceira vez em três anos, o meu voto na eleição do Scream & Yell.

aperitivo

essa terça foi meu primeiro dia na nova academia usando a nova série, desenhada por um psiquiatra que serviu à SS nazista. perguntei-lhe se tinha descendência alemã, ele riu e perguntou se era por causa disso: claro que era, eu mal conseguia me agüentar.

felizmente, tive a boa idéia de dividir os abdominais na prancha, fazendo duas séries, indo para outros aparelhos e só fazendo a terceira depois de terminar as outras todas. surtiu efeito, e os últimos quinze abdominais foram muito bem executados.

*

metade da sessão eu passo arfando, com pressão baixa e a língua de fora. a outra metade eu passo no bebedouro. devo ter ingerido três litros de água durante a hora em que estive na academia, mas paciência: prometo retribuir o líquido ao planeta Terra, e à altura.

amanhã tem mais, e o quê posso dizer além de um "mal posso esperar para sentir meu corpo em ressaca muscular"?

corno collection II: a volta dos corno

como um pássaro no fio,
como um bêbado num coro de madrugada
eu tentei ser livre do meu jeito

como uma minhoca no anzol,
como um cavaleiro de algum livro antigo
eu guardei todas as minhas fitas para você.

se eu, se eu fui indelicado,
eu espero que você possa esquecer
se eu, se eu fui falso
eu espero que você saiba que nunca foi pra você (...)


essa é uma parte da letra de "Bird on a wire", do Leonard Cohen - a interpretação do Johnny Cash também é muito boa. por ora, é a música da semana.

terça-feira, janeiro 09, 2007

do's and don'ts

em alta:

- pad thai
- reforma imobiliária
- biografias
- ações
- mercado de ações
- dormir tarde (para trabalhar até tarde)
- vodca-martini
- situações inesperadas
- golfe
- terno cinza com camisa branca e gravata lilás

em baixa:

- qualquer coisa aos quatro queijos
- bagunça
- auto-ajuda
- omissões
- renda fixa
- perder a hora
- cerveja (chope tá em alta)
- previsibilidade
- campeonato espanhol
- terno preto com camisa escura e gravata vermelha

tropicalidade

desde que a Lucia cismou com pad thai e pôs a mão na massa, eu fiquei com vontade de comer também. depois de muito deliberar, decidi que nesse ano vou me especializar em preparar pad thai: compro uma panela específica, os ingredientes, e vou tentando acertar a receita até que ela fique sublime - não menos que isso.

já imagino que será uma dificuldade encontrar suco de tamarindo pronto e, pior ainda, em pequenas quantidades; a pequena quantidade também será um problema na hora de comprar camarões secos. também não tenho muita destreza ao lidar com ovos, mas isso posso resolver com alguma prática (e, se não der, tento adaptar leite de côco no lugar). o que mais importa, nesse caso, é fazer o melhor pad thai de Brasília e me divertir um pouco na minha cozinha - será a volta da cozinha experimental do Sudoeste.

zerinho

nada pra dizer hoje, então vou republicar uma resenha assinada pelo meu querido João Paulo Gomes, referente à apresentação do Jamie Lidell no TIM Festival de 2005. uma aula de resenha, na verdade.

*

Atenção, gente, gostaria de começar essa resenha SENTANDO O PAU no Autechre, que cancelou o show no Brasil POR MOTIVO DE VEADAGEM. Só não o faço em respeito a 1998 - ano salvo da desgraça completa apenas pelo lançamento do fantástico LP5. A verdade é que, desde então, a dupla nunca mais escreveu nada tão bom quanto Acroyear2 ou Second Bad Vibel. Nos dois últimos discos, eles soam, no mínimo, chatérrimos. Tudo o que não é Multiply, segundo disco do inglês Jamie Lidell, escolhido para substituir as mocinhas de Sheffield no Tim Festival. No álbum lançado no início do ano pela Warp, Lidell deixou de lado o laptop e reuniu meia dúzia de maconheiros para montar uma banda de verdade e gravar um álbum inspirado no soul dos anos 60. Nota-se logo que é de coisa de branquelo, já que um NÊGO GINGA nunca teria saudade de uma época onde os direitos civis dos irmãos se restringiam ao direito de tomar cacete. De qualquer maneira, quem diria que a Warp um dia lançaria um disco feito com baixo, guitarra e bateria?

O resultado ficou do caralho, tá de parabéns, etc. Agora, ao vivo, a história é completamente diferente. Tanto que, nos planos originais de Lidell, o disco deveria vir acompanhado de um DVD com algumas de suas apresentações flagradas pela Handycam do videomaker Pablo Fiasco, que o acompanha nas turnês. Tudo em nightshot, super artê. É a Paris Hilton fazendo escola. Se no estúdio ele chega a ser comportado, no palco ele vira uma bicha louca – ele se apresenta trajando um roupão. De frente para o público, Jamie Lidell é Autechre para quem gosta de Marvin Gaye ou Prince para quem vive engatado num pó. Ah, se o Beck tivesse o segundo grau completo....

O músico dispensa a banda e confia principalmente no próprio gogó para recriar ao vivo as músicas registradas em estúdio. Funciona assim: Lidell começa com um simples beatbox, cuspido ali mesmo no microfone, para em seguida transformá-lo em um loop. Pouco a pouco, a música vai sendo construída em camadas de batidas quebradas e gritos imersos em delay. Lidell dá essa volta toda para poder deitar, rolar e até cantar em cima dessas bases. Quando você percebe, já dançou, nêgo. Literalmente. Foi assim com "The city", música que abriu o show. "The city it don't like you, no it never did", Lidell cantava. É verdade que o Rio de Janeiro preferiu os Strokes: o palco Lab estava praticamente vazio, em contraste com o main stage, onde os
nova-iorquinos haviam acabado de tocar "Last Nite". Mas não era nada pessoal. Os gritinhos e batidões do cantor começaram a empolgar a meia dúzia de gatos pingados que - vamos falar a verdade - estava ali para ver o galã Vincent Gallo.

Lidell não quis saber e tocou em frente, desfigurando as canções do último disco. O que elas perderam de pop, ganharam em experimentação: sai Motown e entra Warp. Músicas originalmente açucaradas como "You got me up" e "When I come back around" ganharam versões agréde, só para calar a boca de quem achou que fosse ver o show do Jamiroquai. Em meio à quebradeira, do soul restou apenas a voz de Lidell, que segura
bem ao vivo – mas não é nenhuma Aretha. Quase enxotado do palco pela produção do festival, o cantor pediu "Só mais quatro minutos e vinte segundos, ok ?" e soltou um PLAYBACK de Multiply, encerrando o show na base da picaretagem. A SESSÃO CONSTRANGIMENTO ficou por conta de uma das MESTIÇAS do Cansei de Ser Sexy, que ficou tentando tirar fotos com o CAÊ, num esquema Celebrities Uncensored. Calma, meninas. Esperem até o VMB do ano que vem.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

porco capitalista

Homem compra casa por R$ 2 e vende com 29.000% de lucro
segunda, 8 de Janeiro de 2007, 16h39
fonte: INVERTIA

Uma casa comprada por 0,5 libra (cerca de R$ 2), localizada em uma área de favelas no bairro de North Benwell, Newcastle, Reino Unido, foi vendida por mais de 145 mil libras (em torno de R$ 600 mil). Seu proprietário teve um lucro de 29.000%.

O dono da casa, Salik Uddin, explica que sua família teve acesso em 1999 a um programa habitacional promovido pela prefeitura de North Benwell, que pretendia valorizar o bairro acometido pela violência e pelo desemprego. Salik afirmou ao jornal britânico The Sun que o prefeito ofereceu casas muito baratas porque se tratava de uma área perigosa e pouco valorizada.

No entanto, nos últimos oito anos, a segurança da área melhorou muito. Segundo o jornal britânico, as taxas de criminalidade do bairro caíram para menos da metade e agora o valor real das residências subiu.

O gerente de restaurante Mohammed Naeem, 41 anos, também foi beneficiado com a casa de 0,50 libra. "Meus amigos me disseram, na época, para não comprar a casa em Benwell, mesmo que fosse por uma moeda. O bairro tinha uma reputação muito ruim, mas nós gostamos da casa. Nosso vizinho acaba de vender a sua por 145 mil libras", diz.

mandarim

passo nos correios à hora do almoço para despachar um envelope para São Paulo. na fila do atendimento, uma senhora segura uma sacola enorme em cor sépia, com um desenho estilizado da foz do rio Pérola. embaixo, a legenda bilíngue inglês-chinês: "People's Republic of China". em poucos instantes ela está despachando a sacola para algum lugar (a China, talvez), e então me dou conta de que estou longe da China.

*

horas depois, começa a escurecer em Brasília. nenhum avião sobrevoando meu bairro, nenhuma catástrofe anunciada. um pequeno senão ao meu redor: meus amigos me dizem que tenho fibra. tomara que seja verdade. e inconscientemente abro uma música para dar adeus ao dia e bom-dia à noite: "Simon", do Suede. ela foi escrita em 2001 para um filme chamado "Far from China", e eu não faço idéia de qual o plot dele ou nada do tipo. e então me dou conta de que realmente estou longe, muito longe, da China.

nada além

ainda faltam pelo menos três meses para sair desse apartamento, mas já me preocupo em achar um lugar para fixar minha nova moradia. tem que ser no Sudoeste, tem que ter pelo menos cinqüenta metros quadrados, não pode ser em cima de coisa comercial, a menos que sejam aqueles comércios pequenininhos da CCSW. só saio daqui para morar num flat ou no Lago Sul, mas nenhuma das duas coisas tem grandes possibilidades por enquanto.

aí um amigo ficou me perturbando pra comprar uma kitchenette na Asa Sul, não sei se porque ele tem algo no meio ou se pelo preço. ele me mandou o link e vi lá: gloriosos vinte e sete metros quadrados.

pera aí: eu acredito que um coelho possa viver em 27m², mas jamais um ser humano. enquanto não sou coelho, tô fora. fora que é na 910 Sul, ou seja: fora do Sudoeste e perto do trânsito das escolas das redondezas. falei isso pra ele, ele insistiu. disse que eu tinha que economizar.

concordo, tenho mesmo de guardar grana. mas economizar é uma coisa, ser pão-duro é outra. e se tem gente que se submete a morar em vinte e sete metros quadrados, ou até menos, paciência.

*

black out the windows
it's party time
you know how I love stormy weather
so, let's all play suicide


"Martin Eden", do Twilight Singers, e nome de um dos livros que eu mais quero ler.

lost highway

encontrei a estrada perdida. ela existe, eu a percorri. mas estou cansado demais para relatar tudo agora, então deixa pra depois...

domingo, janeiro 07, 2007

Bayreuth

(ou "como pegar um carro bonito e transformá-lo num fracasso")

a Ford dos EUA fabricou, até a linha 2007, o mesmo modelo do Focus que é produzido na Argentina e vendido no Brasil - ou seja, o mesmo que os europeus compraram até 2004. ao invés de atualizarem o modelo com o europeu, decidiram fazer algo por conta própria. o resultado está aqui. e eu duvido que venda mais de 100 cópias. mau gosto tem limite, Ford. mandou mal, hein...

Hamburg

procuro, irremediavelmente, alguma palavra entre as dela que me diga alguma coisa, especificamente para mim. que diga que ela pensa em mim, pelo menos uma vez no dia. não sou muito bom em ler sintomas, a menos que eles estejam bem na minha frente. como eu queria que ela estivesse, aliás. e se agora ela estivesse eu pensaria, feliz da vida, que não sei o que dizer para ela. quem precisa dizer algo quando se pode fazer algo?

*

mas não tenho medo dela, nem de ser esquecido... apenas uma vontade louca de sentir alguma coisa do outro lado. melhor ainda, de fazer com que estejamos do mesmo lado. mas eu não quero assustá-la. é tudo o que eu menos quero. alguém pisa no meu freio, por favor?

Gelsenkirchen

cheguei à Haagen-Dazs do Pier 21 (que a partir de agora será o meu quartel-general para certas coisas) doido por um sorvete de licor Bailey's, meu preferido. olhei rapidamente os sabores disponíveis e não vi o referido por lá. teria ele saído de linha? antes que pudesse fazer uma pergunta a respeito, a atendente perguntou se eu gostaria de provar algum dos sabores.

percorri de novo aquela gama de opções e vi ali: "Azuki Beans". lembrei da Gillian McKeith, aquela nutricionista linha dura do "Você é o que você come", do GNT: ela manda todo mundo comer feijão azuki, de modos que eu fiquei, desde que a vi recomendar o consumo disso pela primeira vez, com vontade de comer o tal. só não imaginava que fosse sob forma de sorvete, né?

como adoro provar essas coisas, pedi um pouco - era de graça, não podia me arrepender. e gostei do resultado: sorvete de feijão azuki Haagen-Dazs merece dois polegares para cima, está aprovado. mas decidi optar por um pouco de outro lançamento, o Coconut Macaroon (que não tem nada de macarrão nem de Maroon 5, felizmente). bem gostoso também...

Frankfurt

- camiseta verde para pagar de gatinho: 79 reais.
- mensalidade da academia para pagar de gatinho: 124,80 reais.
- sorvete de feijão azuki Haagen-Dazs (veja próximo post): 7 reais.

perceber que tem uma loirinha te encarando no Pier 21 mas só querer estar em Goiânia: priceless.

sábado, janeiro 06, 2007

Accenture

comercial nota dez, dica do Guilherme (que, aliás, é funcionário da mesma):

cinqüenta

algumas mudanças de planos na cabeça, algumas coisas a serem revistas. com outras é só deixar para trás.

*

este blógue está precisando de uma foto da Anne Hathaway. vou providenciar.

entre sem bater

"Widow's grove", do Tom Waits, é uma valsa tão bonita, não acham?

sexta-feira, janeiro 05, 2007

desidratando

muitas coisas dentro de mim, nenhuma inspiração para escrever. desidratar, viver ao contrário, dar voltas. tudo se encerra em tão poucas linhas, tão pouca inspiração.

*

se o músculo não fica de ressaca, não valeu a pena malhar. levo isso até o limite e, se não fico com aquela sensação pós-academia, com a leve dor muscular, não adiantou. mas até agora tudo parece ir bem. amanhã tem mais.

*

"- tudo parece tão supérfluo, não?"
"- é."
"- mas não é."
"- ..."

2007

e nós já temos a música do ano... valeu, Brett Anderson:



valeu mesmo. come back to us...

passagem

comprei um pocket book do F. Scott Fitzgerald, com três contos dele, e o devorei inteirinho ontem. não gosto de ler quando o Lelo está em casa porque estou lá no quarto, numa boa... e de repente ouço barulho de mísseis, explosões e feitiçarias, vindas desse computador. por mais entrincheirado que eu esteja, essa guerra me afeta.

*

um dos efeitos imediatos sentidos de ter voltado a Brasília é que estou sentindo uma angústia corrosiva. meio desmedida, é verdade, mas não consigo ficar tranqüilo de jeito nenhum. e não se tem muito o que fazer nessas horas, além de esperar o tempo passar - algo que, para mim, é ainda mais desesperador.

*

"back and forth, back and forth". quando é que eu vou conseguir tirar isso da minha cabeça?

massa magra

então decidi começar a malhar a minha série antiga, sem esperar pela nova avaliação física. fui à academia com o Felipe, paguei a primeira mensalidade, cadastrei o dedo para identificação por digital e entrei lá. achei essa academia bem gelada, não gostei não. pode ser que eu me acostume, ontem foi só o primeiro dia; mas, mesmo que não me acostume, vou continuar - preciso continuar bombando.

viva a noite

a música da manhã é "Careless whisper", do Wham!, o tema mais brega a sair do Reino Unido em cerca de 800 anos de história do país. tão brega que, na minha cabeça, ela é inseparável do "Viva a noite", programa que o Gugu Liberato apresentava na TVS vinte anos atrás - onde "Careless whisper" era utilizada como trilha para tudo. talvez o Gugu tivesse uma queda pelo George Michael, que, salvo engano, ainda era heterossexual.

mas essa música também faz-me lembrar de outras coisas: yuppies vestidos de azul-marinho e branco, navegando em iates naquela área perto de Miami, por exemplo. parece um pesadelo, não?

quinta-feira, janeiro 04, 2007

deflação

conta bancária nova? opa...

margarina

gripado e com dores na nuca e no pescoço. sem comer direito.

bora pra academia hoje à noite? ó, CLAAAAAARO!

bombando na ferragem

não é preciso dizer que, quando cheguei a Brasília ontem, meu apartamento estava uma bagunça: qualquer um que conheça o Lelo ou que tenha tido seis minutos de prosa com ele sabe que, dentre os predicados dele, certamente não se encontra o gosto pela ordem. então eu chego em casa e tem meias espalhadas pela sala, uma pilha de roupas sujas do lado do colchão/cama dele, uma sacola do Exército com um livro de RPG obstruindo a entrada do quarto, os pisos totalmente enrolados, a maior coleção de caixas de lasanha pronta jazindo no lixo e um monte de garrafas vazias em cima da mesa, dentre outras coisas. e ah, uma pilha de louça suja de molho quatro queijos.

é de desanimar, não? mas calma, que tem coisa pior: a torneira da cozinha com problemas. não fecha de jeito nenhum, e à medida em que eu giro, giro (oi, Paula Giro! quanto tempo!) e giro o registro pra fechá-la, mais água sai. aaaaaaaaah. e ele não se incomoda com isso: "descobri", diz o sagaz Lelo, "que é só fazer uma pressãozinha assim-assim-assado, fechar com força, que fica tudo bem".

tudo bem o c******, penso, e lá vou eu pra ferragem, hoje, dar um jeito nisso, depois de falar com um encanador semi-profissional que fica no bloco aqui em frente. chego na ferragem, olho o nome do atendente do setor e começo a expor o problema:

"- Salomão, me salva, minha torneira despirocou" - e mostro a peça a ele.
"- deixa eu ver aqui..."
"- por favor, chega de desperdiçar água."

(dez minutos depois...)

"- a torneira do senhor é muito antiga, não temos a peça pronta. mas posso montar uma, fica em 27 reais."
"- que seja."
"- e precisa de uma cobertura nova."
"- que seja."

nisso começa a tocar "Sexyback", essa última do Justin. é boa, não? eu adorei. percebo que o Salomão tá batendo cabeça ao som do hit... e começo a dançar também. a peça está pronta, lá vou eu pra casa, pra esse pardieiro, com uma música do Justin na cabeça, um resfriado e uma dor no pescoço, pensando em como os meses precisam passar logo.

Fanta laranja

se houvesse um E! Entertainment Television sobre a galera, o apresentador de todos os programas, além de redator e ditador vitalício, seria uma única pessoa: Marcelo Freitas.

se ligando

resfriado, com algumas notícias se desencontrando e em busca de papéis. desacostumado com bagunça, sem saber de quanto dinheiro disponho em conta, prestes a embarcar em continuações de coisas que me fazem bem. precisando criar um novo hábito, um novo dia (embora o de hoje não esteja irremediavelmente perdido, ao contrário), um novo layout para a vida. "nomes, nomes secretos, mas nunca em meu favor", aquele sabor se alterando, tudo em compasso de espera. isso vai funcionar? não faço idéia. mas pago pra ver.

2007 é, sem dúvida, o ano do "pagar para ver".

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Brasília

voltei para a corte. estou cansado, amanhã coloco tudo em dia. boa noite a todos, cuidem-se.

terça-feira, janeiro 02, 2007

leia

uma das coisas legais de ter algum dinheiro é poder fazer coisas legais pra quem está ao seu redor. penso nisso já há algum tempo, no caso específico da minha mãe.

ela adora ler, mas tem um sério problema: se tem dinheiro nas mãos, não gasta em livros. e, se eu desse a ela dinheiro pra gastar em livros, ela ficaria em dúvida entre a livraria toda, inclusive os de auto-ajuda. então assumi uma função que é estranha de se pensar, mas é a melhor saída: virei comprador de livros pra ela. não que eu tenha que dizer o que é bom e o que é ruim, não é isso. mas é bom que ela aproveita o gosto pela leitura e lê tudo mesmo.

dei a biografia da Danuza Leão pra ela, como primeiro livro, e em cinco dias já estava lido. agora dei um chamado "Férias", não lembro a autora, que me foi bem-recomendado. é chick lit total, mas acho que tenho que começar assim para que ela continue. depois coloco uns menos engraçados, menos pop, etc. e o bom é que eu arrumo outra leitora para o "Bergdorf blondes", quando eu comprá-lo para mim. mas então, aí a Ana Paula aproveitou e me emprestou um da Rosamunde Pilcher pra que eu deixasse minha mãe ler, e eu assim procedi. no momento em que escrevo essas linhas minha mãe está no sofá, aqui atrás, lendo o "Férias".

e eu estou me sentindo uma pessoa melhor.

segunda-feira, janeiro 01, 2007

post de 1 real

idas e vindas. planos sem ambição para amanhã, vôos mais altos ainda essa semana. altos papos até o dia amanhecer. ela do outro lado da linha. ai.

é, não tenho nada a declarar.