sábado, março 31, 2007

virada

you say you've gone away from me,
but I can feel you when you breathe


Leonard Cohen, em "Avalanche", tirando as palavras da minha boca - porque alguém aqui tem que falar alguma coisa.

kinetics

- boa parte das revistas que levei para o saguão do meu andar, para renovar as opções de leitura de quem passa por lá, já não está por ali. dia desses encontrei, no nono andar, duas Vogues que levei pra lá. minha Rolling Stone número 1 foi vista no décimo primeiro, e por aí vai.
- (censurado posteriormente pelo autor)
- preciso de uma salada. com pedaços de manga no meio e molho de mostarda com mel.
- também preciso ouvir mais Leonard Cohen.
- (censurado previamente pelo autor)

Telstra

eu perdi algo na Austrália

e estou disposto a ir lá buscar.

202

ontem foi um dia atípico no trabalho. o governo não renovou o contrato dos funcionários de contrato temporário, então eles tinham até ontem para entregar os cargos e partirem. quando foram contratados, já sabiam que um dia tudo acabaria. tudo na vida acaba? depende: se eles passassem no concurso, em 2004 ou em 2006, poderiam ter continuado.

(parágrafos posteriormente censurados pelo autor)

ponto de sutura

assisti "Taking off", um filme de 1971 que traz umas idéias absurdas sobre juventude, sociedade, drogas. gostei, mas hoje em dia ele parece bem datado. vamos ver daqui a dez anos...

sirene

dia de pequenos aborrecimentos e grandes vitórias. de querer trocar de presidente com os EUA, depois do discurso do apedeuta em Camp David, de torcer pelas meninas australianas no revezamento 4x100 (duas delas são lindas), de usar o celular no meio da madrugada e de falar alto, sozinho, sobre coisas que o coração esconde. de comer pouco e arrematar com um sorvete de banana com canela, de sonhar na cama com o dia em que os pequenos aborrecimentos tornarem-se todos grandes vitórias. de ter noção da proximidade dos fantasmas, de contar 1-2-3 com os dedos da mão esquerda, antes de acelerar o carro no 4.

a noite traz algumas surpresas e outras velhas sensações. a vontade de andar na rua vai me levar a algum lugar... e me trazer de volta em segurança.

sexta-feira, março 30, 2007

o que se ganhou

recebo o convite para uma reunião dos amigos de faculdade. declino pela distância. estivesse por lá, pensaria duas vezes antes de ir: fico preocupado com a perda de algumas coisas que duraram por um período determinado.

(corta)

assisto a "Lucky man", do Verve, no YouTube. dez anos se passaram e a impressão que as fotos do encarte me passam são as mesmas que tenho dos corredores aqui do trabalho: é concreto (o material do prédio), mas é abstrato (parece que não fui incorporado ao contexto).

algumas pessoas deixam comentários no vídeo, e várias dizem que sentem saudades daquela época: tem gente que chega a dizer que a música e um monte de outras coisas eram melhores em 1997. e, repetem, sentem saudades.

eu não sinto, estou bem melhor agora. a única coisa de que sinto alguma falta, mas que não chega a configurar uma saudade, é que eu tinha, naquela época, uma liberdade maior para errar - coisa que dos quinze aos vinte e cinco anos só faz diminuir.

(corta)

já disse aqui, algumas vezes, que me proíbo de sentir saudades. mas algumas são mais fortes do que qualquer proibição, e é assim que a vida funciona.

anfábio

como eu já disse aqui uma vez, mês passado: meus queridos amigos, não me deixem fazer essa loucura. me amarrem à cadeira aqui do trabalho, passem seis correntes para certificar-se de que não vou escapar, coloquem um cão de guarda para me vigiar... mas não me deixem fazer isso.

MC Rove

da Folha de São Paulo de hoje:

Na mesa colocada no palco, sentavam-se o presidente George W. Bush e a primeira-dama, Laura, à esquerda, e a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, à direita. No centro, um púlpito. À frente, dois comediantes, Colin Mochrie e Brad Sherwood. No meio da dupla, Karl Rove dançava rap. Cada vez que a música improvisada dava a deixa para que ele respondesse seu nome, o principal assessor político de Bush dizia: "MC Rove!"

descuido

vi-me compelido a incluir duas etapas na minha carreira profissional, antes que eu possa chegar onde quero. problemas? um ano fazendo coisas chatas, mas depois quem sabe as coisas se resolvam...

maconha

Senador discursa contra empresa que não existe

O líder do PSDB no Senado, senador Arthur Virgílio (AM), acabou cometendo uma gafe em Plenário, iludido por um site fictício da Internet. Na última terça-feira, ele criticou a empresa Arkhos Biotech, supostamente com sede nos Estados Unidos, por propor que a Amazônia fosse internacionalizada e passasse ao controle privado. O senador classificou a proposta de "extremamente grave" e lamentou a "declaração ofensiva ao Brasil".

Mal sabia o senador que a Arkhos é na verdade uma criação publicitária do Guaraná Antarctica. Em nota a assessoria de imprensa da empresa disse que aderiu a uma ferramenta de marketing ainda pouco explorada a "alternate reality games", conhecida como ARGs. Para isso a empresa criou um site que desafia os consumidores a desvendar a fórmula secreta do Guaraná.

O jogo tem uma empresa vilã que se chama Arkhos Biotech, que deseja transformar a Amazônia em uma reserva sob controle privado. A empresa parte do jogo virtual tem até mesmo um site próprio na Internet, em língua portuguesa.

Esta perfeição de detalhes acabou pregando uma peça no senador Arthur Virgílio. Segundo a assessoria de imprensa de Virgílio, quando foi informado sobre a verdadeira identidade da Arkhos Biotech, o senador achou graça do equívoco, que considerou "um mico". O senador ressaltou que o dever dele é defender a Amazônia e que propostas como esta já foram discutidas em outras ocasiões.

quinta-feira, março 29, 2007

Altamont

here's my strength and my weakness, gents -
I loved them until they loved me.


o melhor disco do ano não é o do Wilco nem o da Feist, mas ainda o "No promises", da Carla Bruni. a música da qual destaquei os versos acima, veja só, é um poema feito sob o ponto de vista de uma princesa, dizendo logo aos príncipes que lhe fazem a corte de todas as suas forças e fraquezas, para arrematar com o refrão "I loved them until they loved me". não sou uma princesa (muito pelo contrário) e não estou na mesma situação dela (muito pelo contrário), mas essa frase às vezes me serve bem.

*

faz dois dias que comprei as últimas edições da Exame e da GQ Portugal mas, graças ao dia inteiro de reuniões inconclusivas que amarguei, não passei da capa. gerenciamento de tempo é algo precioso; entretanto, no ritmo que as coisas normalmente seguem por aqui, hoje essas duas revistas serão pouco para o tempo disponível. então é hora de programar um itinerário: vou ali criar um grupo de trabalho multidisciplinar (tradução: "vou ali jogar conversa fora")com o Otto? passo no RH pra tomar um cafezinho (o RH fica no terceiro andar do bloco H, eu trabalho no décimo do bloco E)? desço até a 403 sul para olhar as vitrines daquele antiquário cheio de coisas legais mas que não ficam bem na minha casa?

quarta-feira, março 28, 2007

nova república

depois de mais de um mês sem pagar a hospedagem (que me irritava), resolvi pegar um pedaço da hospedagem do Ricardo e alocar, provisoriamente, o blógue por aqui. os problemas de FTP persistem, mas serão resolvidos.

não chego, no entanto, a fazer disso um "life in slow motion 3": eu só tenho uma vida e, por mais que às vezes sinta vontade de viver outra, é essa que tenho e preciso vivê-la da melhor forma possível. por mais que isso implique em erros... eu odeio errar. duvido que exista alguém que realmente goste de errar, mas no meu caso há um ódio maior com isso. tenho errado bastante, assumo isso. mas não desisto: uma vez, naquela matéria que fiz com a Zero sobre o Suede e o Brett Anderson, o Jardel escreveu que "morrer cedo é heróico, errar ao continuar tentando é a verdadeira grandeza".

e então eu lembro da minha avó na festinha de fim-de-ano da minha escolinha, uma semana antes de morrer, e em como ela gostaria de me ver crescido. mesmo que me visse errando como agora. mesmo que por acaso ela não pudesse dizer nada ou não me ajudar de maneira alguma. eu não sei se cheguei a escrever aqui, pouco tempo atrás, que não tenho dúvidas quanto aos fins, apenas aos meios. eu gosto disso, pelo menos sei onde quero chegar. não é perto, não é pouco, mas não é impossível. e um dia estarei lá.

segunda-feira, março 26, 2007

um luxo

e esse meu emoticon do Cauby Peixoto, hein?

floral de Bach

convite pra furada, sinto muito, eu tô dispensando.

domingo, março 25, 2007

palavras

então eu estava sonhando com você
estava me apaixonando por você
e parti meu coração

(...)

você não sabe, você devia ter sabido
da dor que sinto por dentro


é piegas, é corno, mas a interpretação é espetacular. esse é um pedaço traduzido de "Deep blue", do Rodrigo Leão, com a Sónia Tavares, do Gift, cantando. é maravilhosa. e me lembra Portugal em 1938.

sunday morning

já passou do meio-dia, então não é mais manhã. sinto alguma coisa engasgada na minha garganta; não é comida. não sei explicar o que é. não é o medo, não é o vago sentimento de ter alguma incerteza. estou certo das minhas e sei bem o que quero da vida: se sobra alguma discussão na área é sobre os meios para se chegar ao que quero. e é, assim, uma discussão bem menos filosófica do que prática.

sobra pouco espaço pra respirar, então. hora de desobstruir a garganta, fazer uns exercícios, ir e voltar, back and forth. um passo atrás do outro.

sábado, março 24, 2007

respostas

a geladeira está cheia. logo as pessoas chegam e a deixam vazia.

*

quase tudo arrumado pra festinha. quase. falta alguma coisa que continua longe, mais distante que um abraço. uma pena. preciso de braços maiores... ou melhor: preciso cancelar a festinha e estar lá.

quinta-feira, março 22, 2007

classificados

precisa-se de boas idéias. urgente. tratar comigo.

spastica

fim de semana sem grandes promessas. mas pelo menos encarei os relâmpagos antes de mergulhar nos dias de descanso. agora é só desfrutar...

musicais

comprei o "Transa", do Caetano, por 10 reais, e baixei a mp3 do tema do "Arthur, o milionário", do Christopher Cross.

quer coisa mais eclética que isso?

quarta-feira, março 21, 2007

jibóia

se um dia eu quiser mudar de vida sem mudar de vida, basta eu trocar de bairro aqui em Brasília. ou até mesmo de quadra.

terça-feira, março 20, 2007

lago norte

a casa caiu. mas sexta ela começa a ser reconstruída.

*

de repente o que era incerteza passou a ser obviedade, e o fatalismo passou a ser qualquer outra coisa que ainda não tomou forma. não gosto desse tipo de oscilação, mas às vezes rola.

*

gravei o novo disco da Feist. tem os mesmos erros, os mesmos acertos, os mesmos defeitos e poucas surpresas no geral. de mudança tem uns agudos mais fortes e é só. é um bom disco pelo que ouvi até agora, e não podia ser diferente vindo de uma mulher fisicamente bonita e intelectualmente linda. e com um cigarro entre os dedos, oh meu deus que coisa linda.

*

baixei também "Sky blue sky", o novo do Wilco, mas ainda não o ouvi. preciso de mídias graváveis para tanto, já que o grande lance é ouvir no carro pra fugir da pasmaceira. e baixei outras coisas também: Klaxons, Doves, Caetano Veloso, Leonard Cohen, Rakes, uma seleção de músicas da Antena 1, etc. qualquer coisa para encher meu HD e fazer do meu coração um lugar mais quentinho.

*

o fim devora o começo? ou o começo devora o fim?

segunda-feira, março 19, 2007

dias...

Kaiser Chiefs, "Ruby"

uma ponta de otimismo espreitando pelo lado de fora da janela. o que dizer, daqui do décimo andar, numa manhã de segunda, quando se sente isso? talvez torcer para que sexta chegue logo... mas eu não quero que sexta chegue logo, porque o sábado pode ser fatal. e cá estou, morrendo cinco dias antes, ao invés de aproveitar esta ponta de esperança para fazer qualquer outra coisa: o fatalismo a trancou para o lado de fora?

levante a cabeça, vamos lá: queixo erguido é importante nessas horas.

*

Klaxons, "Golden skans"

mergulho. eu quero mergulhar em algum lugar limpo e cristalino, mesmo sem saber nadar. quero saber que existem coisas lá embaixo que fogem à minha compreensão aqui em cima. eu, tão superficial, tão sem saber da verdade, quero reverter esse quadro e ver tudo transparente. acordar cedo e me besuntar de bloqueador solar enquanto vou abaixo. atrás do quê? de pérolas, de peixes, da minha vida. de qualquer coisa que me tire da cama, mesmo que eu não tenha tido um pesadelo na noite passada.

*

Rakes, "We danced together"

descobri algo novo-mas-nem-tanto para acompanhar na TV: "House", aquela série do cirurgião cínico que passa no Universal Channel. infelizmente, existem conexões entre o cinismo dele e a minha ironia, essa que às vezes não me deixa viver em paz. hora de mudar. vou falar do doutor Gregory House ao meu psiquiatra.

domingo, março 18, 2007

progressos

- aprendi a usar o aMule e o SoulseeX, variações de p2p para Mac
- estreei meu fogão com um pacottini de ricota e nozes e molho provençal feito na França

uhu!

nunca...

un vuoto insieme a me. le mancanze che hò perpetratto, i fiotti che non si asciuganno, cosi che non resultanno in nulla. ma definitivamente il vuoto, che va inghiottirmi. la paura, le cose che non sò.

Estonia

o pilotis do meu prédio parece ser um lugar tradicional para que casais do prédio discutam a relação. em menos de dois meses, já é o segundo casal que vejo querendo discutir as coisas por ali... que coisa desagradável...

sábado, março 17, 2007

doppelganger

se eu pudesse ser alguma outra pessoa agora, neste exato momento, eu não hesitaria em dizer que queria ser o Victor Bicudo.

sexta-feira, março 16, 2007

sinergia

... e desde então eu não parei de querer chorar.

Otto, o kartista

Otto diz:
tem fluido de freio correndo nas minhas veias
eple diz:
nossa
eple diz:
nas minhas o que corre é sangue azul

quinta-feira, março 15, 2007

encenando...

eu reclamo, reclamo e reclamo de escrever aqui, mas só hoje já são quatro posts, contando esse aqui, não? ah, são três? ê, matemática...

*

de repente o cartão que era a solução para todos os meus problemas não é nada além de um grande muro. nada além de uma grande dor no coração que me espera. e não há nada além do outro lado do muro... a não ser uma grande dor no coração. mas eu não tenho o que perder, então é hora de tentar atravessá-lo. tenho que morrer tentando: por mim, principalmente. por mim, porque não tenho como dizer adeus a mim mesmo.

*

certas coisas do passado são como pedras: pesadas e te dão vontade de jogar longe. bem longe de você, o mais distante possível. uma pena, no entanto, que nem sempre se tenha forças suficientes para o arremesso.

ribeirão

"Find the river", do REM, tem um significado pra mim: é a música que marcou minha última viagem de carro para cá, voltando das férias. curiosamente, ela era a música que saía dos altifalantes do Ford Focus do Felipe bem no momento em que a gente atravessava a ponte sobre o rio Grande e entrava nas Minas Gerais. hoje vi o clipe dela pela primeira vez, e não gostei do fato de ele não ser colorido. o que não desmerece a música em nada, já que ela é de chorar de tão linda e desconexa.

(...) meus pensamentos são flores espalhadas
tempestade no oceano, lua rósea.
eu tive de partir para achar meu caminho.
preste atenção à estrada e memorize
essa vida que passa perante meus olhos
nada está do meu jeito.

o oceano é o objetivo do rio
uma necessidade de sair da água e saber
que estamos mais perto agora do que anos-luz pela frente

tive que partir para achar o rio,
bergamota e vetiveria
correm pela minha cabeça e caem para longe (...)

pinturas

agora que tenho em casa um computador lindo e estiloso, só para mim, quase não o uso. o motivo? passo o dia inteiro na frente de um PC aqui no trabalho, não preciso ver outra tela dessas em meu horário de descanso.

*

a vontade de escrever é grande, a inspiração é diminuta. tenho tentado sintetizar as coisas no mínimo de palavras possível, sem que haja prejuízo do que quero dizer. não quero ver minhas palavras virarem uma montoeira de papel inútil daqui alguns anos, não quero ver meu trabalho esvair-se na fila da reciclagem ou coisa do tipo. viva a síntese e o que ela pode fazer pela gente.

*

coloquei meus telefonemas atrasados em dia, escrevi para quem devia e para quem não devia, estou sem dívidas afetivas. para completar, livrei-me de uma encrenca oculta, e com algum tempo útil ainda pela frente.

*

meus amigos sabem que eu me imponho uma cota anual de 20 (vinte) cigarros que posso fumar durante um ano. ontem comprei um maço de Benson & Hedges mentolado, e queria fumar o primeiro ainda durante a noite. já é hoje e no entanto os cigarros ainda estão intocados. eu não tenho pressa, o tempo está do meu lado; o que eu preciso agora é dar um jeito de sempre me lembrar disso, antes de saír por aí num desespero que só.

mas hoje, ah, hoje eu fumo o primeiro.

*

arroz, feijão branco, mandioca, tomate, cuscuz (!!!), abobrinha e carne: pra um marmitex de 4 reais, tá bom demais ou não tá?

quarta-feira, março 14, 2007

futurama

trabalhei bastante na segunda e na terça, aprontando as coisas para a reunião que aconteceria na manhã desta quarta. "aconteceria", no futuro do pretérito, porque foi adiada. e enquanto uma nova reunião não é marcada eu não tenho o que fazer. bora pro Caribe?

*

fui a uma academia conveniada com a empresa, durante a hora do almoço. ela fica num cursinho pré-vestibular, por isso suas freqüentadoras do sexo feminino, lindas e absolutamente inalcançáveis, são um estímulo à puxação de ferro. por outro, não gostei do ambiente em geral. e a busca por uma academia legal continua...

*

(censurado posteriormente pelo autor)

segunda-feira, março 12, 2007

(re)construção

muita coisa gasta, mas nada desgastado. investimentos que precisavam ser feitos, sinais de alegria aquecendo o ambiente, alívios. e muita incipiência por resolver.

*

no meio disso tudo, a notícia de que a Häagen-Dazs do Pier 21 voltou a comercializar o sorvete de licor Bailey's. e lá vou eu, todo feliz, gastar sete reais por uma bola dele. repetindo: todo feliz.

*

e lá estava eu, bombando em minha camiseta lilás, quando resolvi descer uma escada rolante do Parkshopping. uma menina linda, morena de olhos verdes, subia as escadas naquele mesmo momento: e me encarando. despudoradamente, me acompanhando com os olhos. ai, jesus. cruzamo-nos no meio da escada e meu único impulso foi virar o rosto para trás e para cima, procurando o dela.

ela teve o mesmo impulso de procurar o meu, continuamos nos olhando e a vida seguiu. trinta segundos depois eu passaria por uma saia justa no andar de baixo, mas isso não tem nada a ver com a história e meu dia estava ganho, assim como um pouco de ânimo para a semana.

infantilidades

agora é a estagiária aqui da Telerj, uma adolescente uns dez anos mais nova que eu, quem me seca. não sei o que é isso, mas boto fé de continuar.

*

se você ouvisse a faixa de abertura e a de encerramento de "Pocket revolution", do dEUS, diria que está diante do melhor disco da história. mas tem dez outras músicas no meio, e só metade delas deve valer a pena. ainda assim, um belo disco.

domingo, março 11, 2007

desconstrução

eu tentei te deixar, eu não nego
eu fechei o nosso livro, pelo menos cem vezes
eu acordaria cada manhã do seu lado.

os anos se passam, você perde seu orgulho
o bebê está chorando, então você não sai
e todo o seu trabalho está bem de frente aos seus olhos.

boa noite, querida, espero que esteja satisfeita
a cama é meio estreita, mas meus braços estão bem abertos
e aqui está um homem ainda esperando pelo teu sorriso.


"I tried to leave you", Leonard Cohen: a música do dia.

sexta-feira, março 09, 2007

c'est si bon

família na área. saudades gerais, menos da cidade natal. ando espalhando por lá um boato de que nunca mais voltarei. boato, sim, mas que gostaria que fosse verdade. mas é claro que aceito visitas de todas as pessoas que amo e que ficaram por lá.

*

e chegou pra mim um cartãozinho de papelão, provisório, que pode ser uma porta para uma situação melhor. talvez seja esperar muito, eu sei, mas tenho a mania de dar as mãos à essa filha da puta chamada esperança quando não devo.

como agora, por exemplo.

*

"- você queria que as coisas não tivessem passado daquele primeiro beijo?"
"- ..."
"- eu também."

*

uma partida de tênis, uma parte do problema, um coração partido. partir, partir, partir-se. se amar fosse mesmo verbo intransitivo, partir também o seria.

quinta-feira, março 08, 2007

lullaby

um pouco de sorriso...

O homem que escreve cartas de amor - Um dia com o último redator público de cartas de Saigon


Fiona Ehlers

A principal agência de correios de Ho Chi Minh fica perto do Rio Saigon, na parte mais tranqüila da cidade, onde os arranha-céus ainda não furam as nuvens e nenhuma motocicleta cruza as ruas zoando como um enxame de abelhas. Fica na frente da catedral de Notre Dame, em um prédio colonial antigo de 1886. Parece com os mercados antigos de Paris, pintado em cor de pêssego, com ventiladores zumbindo entre colunas ornamentais e a luz solar entrando por uma clarabóia no telhado. É um lugar eterno - a mais bela agência de correio em toda a Ásia.

Duong Van Ngo, um homem forte de 77 anos, estaciona sua bicicleta à sombra dos plátanos, cujos troncos são pintados de branco como se usassem polainas. Ele saúda os vendedores de postais e atravessa os arcos com o relógio da estação. São oito horas, o início de seu dia de trabalho em uma manhã quente e úmida de fevereiro.

Ngo se senta na ponta de uma longa mesa de madeira, abaixo de um mural de Ho Chi Minh. Ele tira de sua mala dois dicionários e uma lista de códigos postais franceses. Depois, coloca uma fita vermelha em sua manga esquerda para ficar facilmente reconhecível e expõe o cartaz: "Informações e Assistência de Redação".

A primeira pessoa a procurar seu balcão é um homem do delta do Mekong. Ele traz uma carta endereçada a um empresário na Europa. Há um ano que ele trabalha como motorista para esse empresário, levando-o para refeições de negócios e reuniões. Ele pede por escrito se o europeu poderia conseguir um seguro saúde para ele e dar-lhe um adiantamento de US$ 200 (em torno de R$ 400). Ngo traduz a carta para o inglês. "Prezado senhor", escreve com sua caneta tinteiro, "poderia educadamente pedir, sinceramente". Ou seria melhor dizer "afetuosamente"? Não, isso é intimo demais. O homem lhe dá uma nota. Ngo coloca-a dentro do dicionário sem nem olhar.

Ngo é um mediador entre mundos - um escritor de cartas profissional do tipo que costumava existir antigamente. Ele escolhe cada palavra meticulosamente, formula as frases cautelosamente, burila o estilo da carta. Ele sabe como são importantes as palavras, e o mal que podem fazer. Ngo não apenas traduz, ele faz uma ponte entre as pessoas, aconselha-as e conforta-as, discretamente e com perfeita atenção à forma.

Ngo trabalha no correio desde os 17 anos. Ele diz que nunca perdeu um dia de trabalho, nem durante as guerras. Ele fala as línguas dos ex-ocupantes fluentemente até hoje; aprendeu francês na escola e inglês com os soldados americanos.

A segunda pessoa a procurá-lo é uma jovem de batom vermelho, luvas e um pequeno chapéu para protegê-la do sol. Ela dá a Ngo seu telefone celular Nokia e mostra algumas mensagens de texto. Estão escritas em francês e parecem românticas. Ngo traduz espontaneamente: "Quando vier visitá-la, você me mostrará o Vietnã e me ensinará sua língua, mal posso esperar". A mulher sorri envergonhada. Ela conheceu o francês por um site da Web. Amanhã vai voltar e compor sua resposta, com a ajuda de Ngo.

As funcionárias do correio chamam-no de o homem que escreve cartas de amor. Ele já provocou tantos casamentos, dizem, e é um poeta. Bem, diz Ngo, "talvez dois ou três casamentos. O amor em geral se esvai entre os continentes, com as duas línguas, duas culturas - você sabe. Não é fácil."

Ngo ouviu milhares dessas histórias. Algumas bonitas, outras trágicas. Ele procurou crianças de soldados americanos e parentes de cidadãos vietnamitas que escaparam de barco após a guerra. Ele testemunhou muito sofrimento. Ele não dá detalhes. Seus clientes pagam-no por seu silêncio.

Algumas vezes, ele mesmo recebe cartas. Os agradecimentos vêm de todo o mundo e são endereçados ao "Escritor de Cartas, Correio Central, Saigon". Ngo nunca recebe mensagens eletrônicas. Detesta computadores e telefones celulares. "As palavras que vêm de uma máquina não tem alma", diz ele, acrescentando que as pessoas que usam tais máquinas perderam toda educação e noção de estilo.

Durante o intervalo para o almoço, Ngo vai até a rua onde os vietnamitas que moram no exterior se sentam em cafés, usando grandes óculos escuros. Eles vieram para as celebrações do Ano Novo. Enquanto saboreiam seus cafés mocha, sistemas de sprinkler jogam vapor de água refrescante em seus rostos. Ngo pede sopa de macarrão em uma banca.

Turistas japoneses chegam durante a tarde e o fotografam como se fosse um fóssil em um museu. As funcionárias do correio grampeiam páginas de fax e conversam. No meio disso tudo, novos clientes esperam na mesa de Ngo. Eles lhe dão seus livros de endereços, assim como caixas para seus parentes no exterior. "Vitogo", diz uma mulher que trabalha no mercado e usa um chapéu de palha de arroz. "A rua é chamada Victor Hugo", diz ele virando os olhos brevemente, "como o famoso escritor." Ele escreve o endereço no documento de envio.

Ho Chi Minh, lá no mural, teria gostado do que ele faz -"conectar pessoas" por meio de sua caneta tinteiro? Ngo sorri. Política, diz ele, está fora de sua província. Ele conta que costumava ser observado pela polícia, porque era suspeito de trair segredos para os inimigos do Estado. Ainda bem, isso acabou, diz ele. Hoje, o Vietnã é global, e o mundo tornou-se um lugar complexo e imprevisível, diz ele. Isso também significa que há maior demanda hoje por seu trabalho do que antes.

Ngo é atualmente o último escritor da cidade antes conhecida como Saigon. O penúltimo, seu colega Lieng, morreu há 10 meses e não foi substituído. Ngo acha que o mundo poderia fazer mais uso de pessoas como Lieng e ele.

Infelizmente, diz ele, "ele simplesmente não quer nos pagar mais"

feliz 2009

resolução importante: procurar um centro de distúrbios do sono. essa história de compensação noturna, que eu nem escolhi, não dá.

*

quinta e sexta-feira da semana passada eu fiz um curso interno sobre um sistema. já na quarta meus conhecimentos sobre ele foram exigidos. para quando? hoje, é claro. tem que rolar uma emoção.

*

flores secas na torre de TV, comida no supermercado, assentos vermelhos no pufe 24 horas. e eu vou me perdendo em meio a essas coisas, cada vez mais.

*

e o meu ânimo, cadê? não foi nessa noite que ele ressurgiu, uma pena. nem a "música de mobilização", vindo aqui para a Telerj (que é "Mis-shapes", do Pulp), evitou que eu me transformasse nesse misto de sono, tristeza e desânimo que agora estou. a caravela vê terra firme no horizonte? se vir, é capaz de, assim que for feito o desembarque, pegarem um terremoto.

*

chega, por favor.

quarta-feira, março 07, 2007

Kelvin

se o meu ânimo era de cem por cento quatro horas atrás, agora ele é de quatro por cento. pelas próximas cem horas, talvez.

*

meus colegas de trabalho já devem estar cheios de "So like Candy", do Elvis Costello, repetindo aqui no computador. se algum deles um dia descobrir este blógue, deixo aqui minhas desculpas. mudei pra "Almost blue", pode ser? a trilha hoje é de corno pesado.

*

de repente ficou frio. gelado. menos duzentos e setenta e três graus negativos, como indica o título desta entrada. de repente escureceu e começou a nova era glacial, e eu estou preso nesse prédio, sem ter como sair. estou preso dentro de mim e não sei o que fazer; estou congelando.

terça-feira, março 06, 2007

germinal

parafraseando um amigo distante (que, descobri agora, pegou a frase da Marisa Monte), "não me torture, não simule, não me cure de você". é isso.

segunda-feira, março 05, 2007

pólvora

mais uma noite com insônia. dessa vez, acompanhada de um aperto no coração. às vezes parece que vou perder essa batalha, às vezes parece que não se tem o que fazer.

meu deus, eu estou ficando louco.

*

tá, tudo bem: eu não tenho muito o que escrever, na verdade não tenho nada. mas vou continuar insistindo, como forma de não ficar louco. mesmo que eu já esteja ficando.

domingo, março 04, 2007

sprint

esquisito demais o sistema de acentuação no notebook. sorte que eu me acostumo fácil a esse tipo de mudança. e agora, com a rede wi-fi aqui em casa, posso assistir tevê e atualizar este blógue ao mesmo tempo: que momento glorioso da minha vida.

*

"Lucky", do Radiohead, tem sido uma presença constante nos últimos dias. mas não posso culpar a falta de sorte por certas coisas, muito menos reclamar de tudo. um poema novo nasceu, e por incrível que pareça isso é bem animador pra mim.

sábado, março 03, 2007

queda

quinta-feira de algum trabalho, algumas farpas, alguns medos. uma insônia que me botou de pé às quatro e meia da manhã, um tédio que me liquidou antes do almoço, uma sucessão de ausências no dia: faltavam palavras, faltavam decisões, faltavam motivos para estar ali. ali onde? em qualquer lugar. na Terra, que seja. aquela sensação de se encher de vazio, over and over, de se sentir ali mas fora dali ao mesmo tempo: dá pra parar um pouco, por favor?

*

sem acentos, sem acordo.

*


tem coisas que despertam um desânimo impressionante, coisa que nem uma boa audição do "Round about midnight" resolve. o pior de tudo é o fato de essas coisas serem inevitáveis, e talvez essa inevitabilidade seja, em si, mais desanimante que a propria coisa. e assim, aos trancos e barrancos, funciona o meu coração: faltam-lhe palavras, faltam-lhe decisões, faltam-lhe motivos para estar ali.

*

às vezes, falando com a minha mãe ao telefone, a sensação é de que tudo vai dar certo. que bom. mãe sabe das coisas...

sexta-feira, março 02, 2007

ordem do dia

rolou ontem um ensaio do Sestine, que mostrou que a banda está cada vez mais afiada. mas o principal do ensaio foi me mostrar a evolução do Marcio como compositor: as canções do "As engrenagens" (2007) são tão boas que fazem as do "A idade da seresta" (2003) parecerem um lixo - e eu nem falo nada da fase pré-rocânica...

alento

depois de uns sete anos sem conseguir parir um único, cheguei em casa ontem, à uma da manhã, e fiz um soneto em dez minutos. claro que é brega, claro que ainda vou mexer em algumas coisas nele. mas veio a inspiração (a começar pela terceira estrofe) ali no memorial JK e fui segurando ela até chegar em casa. não imaginei que o que veio daria catorze versos, mas deu e é isso que importa.

e aí? coloco aqui o poema ou não? aguardo respostas por email, embora ninguém leia isso aqui.

quinta-feira, março 01, 2007

interlúdio na ficção

dois dias sem escrever é algo recriminável, eu sei. mas estou terminando a mudança de apartamento e estou sem internet em casa, além de ter algum trabalho (!!!) para fazer por aqui.

então sobe e desce com coisas e coisas, pedidos de transferência de endereço, controle da conta bancária, meu carro se transformando numa sucursal do inferno, noites mal dormidas (hoje acordei às 4:30 da manhã, insone, e assim fiquei).

estou tão sem controle sobre as coisas que não consigo nem terminar esse post.