sexta-feira, outubro 13, 2006

nos tempos do prosecco

tem sido recorrente, nos últimos dias, a sensação de que tenho muita coisa acumulada dentro de mim, e que tais coisas precisam ser expurgadas ou, do contrário, eu explodo. então vamos lá:

1. tive um relacionamento conturbado com uma menina de uns dois anos pra cá. não foi o mais recente da minha vida amorosa. ela pisou em mim o quanto pôde nesse período, fez com que eu me sentisse a pior pessoa do mundo. provavelmente em nome do próprio ego, que em condições normais é do tamanho da auto-estima que tem - ou seja, um quarto de uma jabuticaba madura. felizmente, esse ano eu tratei de afastar essa pessoa. mas esqueci de providenciar a enfiação, pela goela dela abaixo, de todo o aterro sanitário em que ela me transformou.

sempre acreditei em saídas diplomáticas, por isso não levantei nenhuma poeira quando me afastei dessa pessoa - só fiz de tudo para brigar com ela lá pela terceira vez, quando vi que, caso não fosse grosso, ela ficaria na minha vida como se fosse um câncer em metástase. e agora que estamos brigados (torço que para sempre), descobri que não joguei na cara dela o que devia. na época, não parecia nada, mas hoje é um grande erro. paciência, agora não tem como ser consertado: preciso é descobrir como minimizar a questão, porque parece que eu não chorei nem dez por cento do que deveria com isso.

2. meu pai sempre foi um cara de direita. nunca se abalou ou teve sentimentos pela esquerda; ao contrário, sempre duvidou da capacidade dessa escória que está no poder hoje. mas, por razões pessoais, tem uma raiva descontrolada do candidato da oposição à Presidência: tão grande que, nessas eleições do começo do mês, votou em peso no atual governo, deixando de votar até nos que indiretamente estão ligados a ele e que, até um passado próximo, ele era um grande entusiasta.

e ainda saiu se vangloriando disso, ou seja: em nome de umas coisas pessoais, ele quis condenar o país a esse lixo que aí está. não é nem por uma mudança ideológica não. e eu fiquei decepcionado com isso e queria dizer a ele, mas ainda não consegui. no final do ano, quando o vir ao vivo, espero falar tudo.

3. continuo recebendo cumprimentos pela aprovação no concurso. hoje foi a vez da namorada de um peixe me parabenizar, e ainda emendou um "salarião, hein?".

eu não estou insatisfeito com um salário que ainda nem comecei a receber, mas fico incomodado com pessoas sem ambição, que ficam nessa de serviço público só para terem o maior rendimento possível, ao invés de servir o país. tudo bem que dinheiro é legal em todo lugar, mas não era o caso de se ter uma mentalidade mais avançada, tipo a dos EUA? o Pedro comentou comigo aquele jargão do "não pergunte o que seu país pode fazer por você, mas o que você pode fazer pelo seu país". é difícil olhar para o atual governo brasileiro e pensar assim, mas não é desse jeito que os funcionários públicos deveriam pensar?