quinta-feira, março 25, 2010

riqueza

(esse post se chamaria Camp David mas, ao contrário daquela vez, as negociações deram certo)

meu pai e minha irmã brigaram no final de setembro do ano passado. ela queria viajar para a Irlanda e tentar um emprego lá, morar na Europa etc. como fora uns estágios durante a faculdade ela nunca trabalhou, e como foi para lá sem fazer contatos na própria área, meu pai se opôs à viagem e cortou todas as formas de financiamento dela, que gastou todas as economias para ficar três meses por lá e depois voltar sem ter conseguido um trampo.

na época eu disse a ela duas coisas: primeira, que como meu pai a bancava, entendia a posição dele - o que não quer dizer que concorde com isso. segunda, que não me opunha à viagem mas, pela experiência profissional dela, não acreditava que fosse dar certo. dei uma ajuda financeira, dentro do que podia, e falei "vá lá e prove que eu estou errado". mas infelizmente eu estava certo.

ela voltou ao Brasil no início de janeiro, mas nada de voltar a falar com ele. orgulho ferido dos dois lados, cabeças com grau 9 de dureza na escala de Mohs, uma confusão que só... e zero diálogo. tentei, durante muito tempo, fazer as coisas saírem desse ponto, mas nada acontecia.

tem uma música do Morrissey de 1994 chamada "Hold on to your friends". apesar de já fazer uns dez anos que não acho que ele seja o cara, continuo levando muito a sério o que ele diz nessa letra, em especial a parte que diz "there are more than enough to fight and oppose, why waste good time fighting the people you love, who would fall defending your name?". é isso. e já faz uns anos que não brigo com meus pais, com as minhas irmãs, com os meus amigos.

lidar com o meu pai nem sempre é fácil, já que ele não tinha, em 1965 e na zona rural de uma cidade com 5 mil habitantes, a mesma abertura que os filhos têm para conversar com os pais hoje... mas depois que peguei o jeito, a coisa flui numa boa. enfim, encurtando a história: depois de um esforço diplomático dos grandes, envolvendo a esposa do meu pai, o meu tio Valmir, a minha mãe, a Ana Paula e eu, os dois voltaram a se falar ontem à noite, depois de seis meses. fiquei sabendo disso uns minutos atrás, e ganhei meu dia. esse post é só para contar do alívio que estou sentindo por conta.

(atualização às 13:25 - minha irmã acabou de colocar no MSN a frase "nunca mais deixo de ouvir meu pai")

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