quinta-feira, outubro 22, 2009

digressão

Na calçada preta e branca da praia, um vai-e-vem de príncipes, ladrões, banqueiros, pederastas, estrangeiros que puxam cachorros, mulheres de vida fácil ou difícil, vendedores de pipocas, milionários, cocainômanos, diplomatas, lésbicas, bancários, poetas, políticos, assassinos e book-makers. Da guarita do Forte do Leme à guarita do Forte de Copacabana, de sentinela a sentinela, são 121 postes de iluminação, formando o "colar de pérolas" tantas vezes invocado em sambas e marchinhas. Cada edifício tem uma média de 50 janelas, por trás das quais se escondem, estatisticamente, três casos de adultério, cinco de amor avulso e solteiro, seis de casal sem bênção e dois entre cônjuges que se uniram, legalmente, no padre e no juiz. Por trás das 34 janelas restantes, não acontece nada, mas muita coisa está por acontecer. É só continuar comprando os jornais e esperar.

textinho do Antônio Maria, na década de 1950, descrevendo a Copacabana de então e mostrando como se faz um texto apaixonante. essa pérola foi resgatada pelo Joaquim Ferreira dos Santos em "Um homem chamado Maria" (página 66).

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