sábado, agosto 02, 2008

violeta

as coisas são um tanto confusas quando você está numa fase da sua vida e se depara com algo que aconteceu em outra. estou vivendo isso nesse final de semana: tá rolando um festival de rock aqui, daqueles que, se fosse entre 1997 e 2004, eu estaria louco para ir.

mas acontece que, desde quatro anos atrás, aconteceu alguma coisa na minha vida que me desanimou. não compro discos à mesma velocidade, não tenho um tocador de mp3, não acompanho mais bandas, revistas, artistas. minha banda preferida separou-se e, nos novos projetos, o Brett Anderson não me entusiasma como fazia, outrora, no Suede - que, em mais de dez anos de carreira, não fez sequer uma música ruim.

os últimos álbuns inteiros que me agradaram nada têm a ver com guitarras (exemplo mais fácil: o "No promises", da Carla Bruni), aquele pensamento de que o conteúdo é mais importante que a embalagem acabou - agora faço questão das duas coisas juntas -, passei a olhar com desdém para coisas que considerava normais antigamente. ao mesmo tempo, acho que me tornei mais cético, mais conservador e, em um sentido estrito, até mais religioso. não critico quem tem o mesmo ânimo para ir a shows, festivais, a acompanhar uma banda surgir, gravar, estourar e acabar... mas não é mais comigo. vez ou outra ainda aparece algum bom motivo para dar uma espiada nesta vida que tive, mas, tão fácil ele vem, tão fácil ele vai.

o resultado agora é esse: estou aqui no sofá de casa, com a credencial de imprensa no pulso, mas sem a mínima vontade de ir. só vou porque me preocupo com o que os outros pensam - e eles me criticariam até a morte se eu não fosse. e também por conta da Giulianna, que foi ver os dois shows do Muse em sua Buenos Aires, na semana passada, e queria muito estar aqui para ver mais um. porque ela, com sua pouca idade e seu ânimo infinito-enquanto-dure para acompanhar o mundo da música, é o que passa a mover as bandas e os artistas depois que gente como eu acha que envelheceu e não tem mais o mesmo ânimo.

enfim, que eu preferiria passar a noite dormindo e acordar amanhã para ver uma corrida entediante de Fórmula 1, ah, isso eu preferiria. mas nem sempre temos o que queremos.

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