nectarina
com a minha cabeça ainda fora do lugar, não deu para falar ontem do final de semana. como todos aqui devem saber, tenho uma certa preguiça espiritual de voltar a Deprelândia e visitar meus pais. porque, apesar de serem meus pais, estar ali não é uma sensação muito agradável. mas tive um ótimo motivo para ir ao estado de São Paulo e, por tabela, ir até lá – mas, primeiro, até a capital.
tem certas companhias que são tudo de bom. que conseguem transformar uma cidade cinzenta e claustrofóbica em uma experiência deliciosa, uma viagem cansativa em puro descanso para a alma, um beijo em algo inesquecível. ela é assim, e quando a vi chegando, todo o meu desconforto de estar na maior cidade do país saiu do meu rosto e virou um sorriso que preencheu aquelas horas, junto com um frio na barriga que, na verdade, é questão de referencial: o coração é que estava aquecido.
bom demais sentir isso, não?
*
no dia seguinte, de volta à penitenciária a céu aberto onde cumpri vinte e três anos de detenção. voltei lá sem avisar ninguém, como sempre: não gosto que meus pais, minhas irmãs e meus amigos criem expectativas a meu respeito, não gosto mesmo. um calor infernal se abatia sobre a cidade, em véspera de eleição (meu título de eleitor foi transferido para Brasília), mas é bom deixar alguém feliz porque se está ali. o resto é aquilo que se espera: bucolismo, suco de morango com água tônica, algumas (poucas) novidades e, principalmente, a vontade de ver todo mundo em 24 horas.
24 horas? é, fiquei de um dia para outro. parece ser o tempo máximo que agüento na cidade, antes de derreter. Deprelândia é um lugar que realmente me deixa mal, mesmo que sem motivo. tirando por algumas pessoas e pela possibilidade de colocar a leitura em dia, já que não se há o que fazer, aquilo é realmente deprimente. tem alguém, acho que o Diogo Mainardi, que fala que mais importante que sair do Brasil é fazer com que o Brasil saia de você. e eu consegui fazer isso com Deprelândia: não me entusiasmo com o progresso a conta-gotas de lá, com a vida dali, não levo o lugar a sério, tampouco sinto saudades e, mais do que isso, não espero nada da cidade e da região. tipo um alheamento, sabe? o incômodo é apenas pelo tédio, não pela mediocridade em si. e assim vou lá apenas para cumprir o protocolo e para lembrar que, apesar de ainda não ter conseguido nem dez por cento do que quero, já consegui muita coisa e tenho muita sorte.
tem certas companhias que são tudo de bom. que conseguem transformar uma cidade cinzenta e claustrofóbica em uma experiência deliciosa, uma viagem cansativa em puro descanso para a alma, um beijo em algo inesquecível. ela é assim, e quando a vi chegando, todo o meu desconforto de estar na maior cidade do país saiu do meu rosto e virou um sorriso que preencheu aquelas horas, junto com um frio na barriga que, na verdade, é questão de referencial: o coração é que estava aquecido.
bom demais sentir isso, não?
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no dia seguinte, de volta à penitenciária a céu aberto onde cumpri vinte e três anos de detenção. voltei lá sem avisar ninguém, como sempre: não gosto que meus pais, minhas irmãs e meus amigos criem expectativas a meu respeito, não gosto mesmo. um calor infernal se abatia sobre a cidade, em véspera de eleição (meu título de eleitor foi transferido para Brasília), mas é bom deixar alguém feliz porque se está ali. o resto é aquilo que se espera: bucolismo, suco de morango com água tônica, algumas (poucas) novidades e, principalmente, a vontade de ver todo mundo em 24 horas.
24 horas? é, fiquei de um dia para outro. parece ser o tempo máximo que agüento na cidade, antes de derreter. Deprelândia é um lugar que realmente me deixa mal, mesmo que sem motivo. tirando por algumas pessoas e pela possibilidade de colocar a leitura em dia, já que não se há o que fazer, aquilo é realmente deprimente. tem alguém, acho que o Diogo Mainardi, que fala que mais importante que sair do Brasil é fazer com que o Brasil saia de você. e eu consegui fazer isso com Deprelândia: não me entusiasmo com o progresso a conta-gotas de lá, com a vida dali, não levo o lugar a sério, tampouco sinto saudades e, mais do que isso, não espero nada da cidade e da região. tipo um alheamento, sabe? o incômodo é apenas pelo tédio, não pela mediocridade em si. e assim vou lá apenas para cumprir o protocolo e para lembrar que, apesar de ainda não ter conseguido nem dez por cento do que quero, já consegui muita coisa e tenho muita sorte.
Etiquetas: prata
1 Comments:
E ainda fala mal da minha cidade, hunf...
carolzinhagwen@gmail.com
Bjos
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