domingo, fevereiro 17, 2008

Anna Scott

(nota preliminar: os acontecimentos aqui narrados aconteceram na quinta-feira, 7 de fevereiro, e esse post foi escrito no mesmo dia. era para ter entrado aqui em língua alemã, mas não foi possível)


fui à pé ao supermercado ontem, para comprar salada, coisas pra sanduíche, água com gás e sabor a limão, chocolate com recheio de créme brulée, essas coisas que fazem com que a vida seja menos de um jeito e mais de outro. eram 7 e 15 da noite, e o supermercado tinha filas no caixa de desanimar qualquer brasileiro; a despeito disso, alguns caixas permaneciam fechados.

mentalizei na hora: "não quero pegar fila".

pouco depois de pensar isso, e sem ficar mais do que 5 segundos na fila, vi que havia um funcionário mexendo no terminal de um dos caixas fechados. na hora em que me aproximei dele para perguntar se o caixa abriria, ele virou a plaquinha que dizia "por favor, dirija-se a outro caixa" para "próximo cliente". e fui desembarcando minhas coisas ali, direto e sem fila alguma.

foi uma coisinha de nada, mas o suficiente para me lembrar que a vida é basicamente uma questão de estar no lugar certo e na hora certa.

*

caiu a noite e eu, com a minha insônia de sempre, esqueci de tomar meus remédios para dormir. são só fitoterápicos, que uma amiga minha que toma os tarja preta chama de "balinhas", mas de qualquer forma funcionam - desde que eu os tome entre uma e duas horas antes de ir pra cama. era meia-noite quando lembrei deles, então não rolava de dormir tão cedo... a noite já estava prejudicada. então fui procurar na tevê alguma coisa bem docinha e que me distraísse sem que exigisse de mim coisas complicadas como pensar. e achei no canal 63 "Um lugar chamado Notting Hill", aquele filme do final do século passado com o Hugh Grant e a Julia Roberts, no qual ela, atriz famosa, se apaixona por ele, dono de uma livraria especializada.

assistir a esse filme agora, sete anos depois da última vez que o tinha visto, traz algumas coisas novas: de lá pra cá eu descobri quem é o P. G. Wodehouse que o amigo do Hugh Grant fala que encenou no teatro amador, reparei nos cartazes do "Good humour", disco do Saint Etienne, colados nas paredes externas em uma das cenas, percebi que os galeses, como o flatmate dele, são um estilo de vida.

mas o mais atemporal do filme são algumas constatações do Hugh Grant: além do "lugar certo e hora certa", conforme a historinha do Pão de Açúcar aí de cima - que ele não diz mas fica implícito em toda a película -, há o desconforto dele em tentar achar alguém, por exemplo: todos os amigos o bombardeiam com umas pretendentes que ele sabe que não vão dar em nada. e diz a um dos amigos, entre a resignação e a coragem, que se apaixona poucas vezes. muito poucas. em outra cena, diz que não quer ficar nessa coisa de forçar para que as coisas dêem certo, nem se interessar por qualquer mulher etc.

e em outra diz a um amigo casado que ele era um caso isolado. mas isolado de quê? segundo o personagem do Hugh Grant, há uma possibilidade mínima de se achar alguém que se ame, além de outra ainda menor de que, achada essa pessoa, a história dê certo. eu tenho concordado plenamente com ele, isto é, até que um dia uma Anna Scott (a personagem da Julia Roberts) me prove o contrário.

Etiquetas:

2 Comments:

Anonymous Anónimo declarou...

cara, que bom que não foi possível postar em alemão!
no dia em que você escreveu que falaria sobre este filme, eu tinha visto, mas não neste canal aí, e sim na rede record e sem sap, vi dublado mesmo (urght). mas foi bacana rever também. e encontrar referências novas é sempre bom, né não?

grande abraço.
fábio shiraga.

segunda-feira, 18 fevereiro, 2008  
Anonymous Anónimo declarou...

opa! eu não achava que você curtisse comentários, mas enfim... é um prazer passar por aqui, sempre, sério.

meu e-mail: fabios1977@hotmail.com
eu sempre odiei este meu login, mas sempre tive preguiça de alterá-lo, então continua assim.

grande abraço.

quarta-feira, 20 fevereiro, 2008  

Enviar um comentário

<< Home