sexta-feira, novembro 03, 2006

fenol

então o professor de Ética foi dar aula hoje na sala. minha ética é não ter ética, e por isso me senti contrariado de estar naquele lugar. mas enfim, na pior das hipóteses eu ficaria olhando para ela e abstraindo.

a uma certa hora, no entanto, o professor precisou de quatro alunos para uma demonstração lá na frente da sala. tímido e com pouca penetração entre os colegas de classe, fui logo me oferecendo, inspirado num amigo que foi o burguês fidalgo quatro anos atrás. na pior das hipóteses, ela poderia saber meu nome, depois daquilo.

os quatro papéis foram distribuídos assim: chefe, aspone do bem, aspone do mal e cliente. eu, mais uma vez no esquema dressed for success, fui escolhido pela classe... o aspone do mal, claro. minha função era persuadir a chefe a ficar com uma mala de dinheiro que a cliente havia esquecido na repartição pública onde os três trabalhávamos.

modéstia à parte, roubei a cena: me destravei totalmente, fui irônico ao sacanear a cliente, usei aquela ginga finlandesa-bêbada que habitualmente tenho, detive um comentário da platéia, rebati os argumentos do aspone do bem. pelo papel, a chefe recusava a minha ajuda e fazia a coisa certa, devolvendo o dinheiro quando a cliente voltasse.

a cena dela voltando para buscar a mala foi legal: ela chegou até a mesa, a mala bem na frente, e exclamou: "alguém viu minha mala por aí?". dissimulado, olhei para o teto e mandei um "la la laaaaaa...", provocando risos dos colegas. parecia o Humphrey Bogart em "Casablanca"... uma atuação memorável.

tão memorável que algumas meninas - minha musa não incluída - vieram puxar papo depois. uma amiga dela estava no meio, mas é óbvio que não pedi o msn da outra moça. pena. agora estão me chamando lá na sala de "diabo", uma vez que o meu papel ali era ser a parte ruim da consciência, como nos desenhos animados em que um anjinho aparece ao lado de um dos ombros e, no outro, está o tinhoso. geez...