terça-feira, outubro 17, 2006

nada de mais

minha irmã fez aniversário ontem e me disse, mais uma vez, que não se sente com a idade que tem, não sente que cresceu, etc.

não sei como isso afeta os meus amigos, mas crescer é algo bem estranho, não? eu me senti adulto pela primeira vez há três anos e meio. estava no quarto ano da faculdade e tinha de fazer um atendimento jurídico no estágio, em dupla com o Rogério. por (justificada) exigência, tive de comprar meu primeiro terno para fazer o atendimento. e enquanto o vestia, no meu quarto, ouvindo "Dry the rain", da Beta Band, eu me senti adulto - exatamente quando calçava as meias.

mas por quê isso aconteceu? eu pensei em algumas razões:

1. "Dry the rain" é o tipo da música que gente de catorze anos, por mais evoluída que seja, não aprecia;

2. meias finas com sapato social;

3. porque eu já tinha vinte e um anos e já estava mais do que na hora.

sem saber o porquê, aquela sensação de "bem-vindo à vida adulta" não me acompanhou full-time desde então. haveria de acontecer? ou eu estava condenado a ser um moleque assustado pelo resto da minha vida, pensando tudo com a lógica adolescente? noto que meus amigos e eu ainda nos referimos às mulheres com quem saímos e que desejamos como "meninas". será que um dia isso muda?

atualmente, a expectativa é saber se, como funcionário público, com um nove-às-seis a cumprir e coisas do tipo, vou me sentir mais adulto ou plenamente isso. é uma dúvida sobre a certeza de estarmos envelhecendo - ainda que se procure minimizar, de um jeito ou de outro, os efeitos psicológicos do tempo.

eu gostaria de pensar que envelhecer não é nada de mais, mas a lógica atéia reserva o desespero para o final. então o jeito é não pensar no fim, nem mesmo em como chegarei até ele. e sobre descobrir que se é adulto, o jeito é fazer com que isso aconteça gradativamente: antes que a crise da meia-idade nos torne ridículos, antes que se caia em depressão porque, aos sessenta anos, a vida passou e não tem mais volta.

*

essa entrada ficou meio desconexa, admito. mas é que, ao contrário da nossa idade cronológica, nem sempre as minhas idéias vêm organizadas. prometo retornar ao tema de um jeito melhor...