segunda-feira, agosto 21, 2006

filminho

depois que meu Santos tomou aquela naba no capricho, no jogo de ontem, fui com o Marcelo assistir "Eu, você e todos nós", o filme que a Isabela me recomendou sem nenhuma restrição e que a Lucia achou um lixo. como o cartaz também era genial, trocamos "Obrigado por fumar" por ele - mas em breve assistiremos esse um também.

o filme é uma polaróide de um grupo de pessoas que têm algum vínculo comum e, ao mesmo tempo, não têm nada. e mostra bem como se pode sentir algo por dentro e exteriorizar algo completamente diferente. tipo aquele cinismo que eu passo minha vida combatendo, mas às vezes se faz necessário. então tem o vendedor de sapatos que taca fogo na própria mão como um ritual a ser cumprido no divórcio, tem a menininha de oito anos que compra eletrodomésticos pra montar um enxoval de casamento, tem a diretora de um espaço cultural que, por trás daquela fachada de mulher bem-sucedida, esconde uma dona mal resolvida e adepta de fetiches bizarros.

tem uma hora em que o filho mais velho do vendedor de sapatos se deita no chão com a menina do enxoval e começa a perguntar sobre o futuro pra ela, que conta exatamente como quer a casa quando se casar. e ela fala da cozinha, dos filhos, de tudo. e ele, ali do lado, mal fala alguma coisa, mas sente, de algum jeito, vontade de fazer parte disso. foi a parte que eu mais gostei do filme, porque é como eu me sinto com muita gente, incluindo com ela. mal a conheço (talvez fosse melhor dizer "não a conheço"), mas gostaria de fazer parte da vida dela, de alguma forma.

isso me remonta a "There there", do Radiohead, e seu refrão que diz "just 'cause you feel doesn't mean it's there". de fato: eu sinto, mas não significa que seja alguma coisa, que esteja ali, que exista na prática. eu disse ontem que queria estar ali, ao lado dela. nem que fosse pra não dizer nada, apenas ficar ouvindo. depois eu diria que as coisas vão se ajeitar - como de fato vão - e a abraçaria. acho que é isso.