quarta-feira, maio 10, 2006

na verdade...
é de notório saber que o Scott Walker é um cara que não facilita - ao contrário, ele te bate na cara, macho como só o Greg Dulli, a Chryssie Hynde e o Aphex Twin são no meio musical. mas esse disco novo dele, "The drift", tem uma digestão dificílima. não é um tapa na cara, é uma surra. é violência e não é gratuita, porque você merece cada golpe tomado*. estou apanhando do disco aqui, a sensação é a de que estou diante de uma caixa de Pandora: há algo de maravilhoso no ar. só que a caixa de Pandora não te facilita, e a cada vez que você tenta abri-la do jeito errado, leva uma sova. depois de muito rodar e ouvir, com uma chave de fenda em mãos, descobri e passo a dica: a faixa número 5, a suíte "Cue", é a porta de entrada. são dez minutos e meio de som, e algumas (poucas) concessões que você deve aproveitar para desfrutar da real do disco. se você não conseguir isso, volte à série Scott 1 a Scott 4 e fique nos anos 1960 para sempre.

*observação: se você teve coragem de ouvir "The drift", merece mesmo cada golpe tomado. o que dizer de alguém que vai atrás de um álbum feito por um senhor de idade, barítono, com quarenta anos de carreira, que é o futuro do pós-rock?