domingo, março 26, 2006

além
da Folha de São Paulo de hoje:

Quero ir para longe do Brasil, diz caseiro que acusa ministro

por Rubens Valente
da sucursal de Brasília

A sucessão de eventos que atingiram Francenildo dos Santos Costa, 24, após o depoimento prestado à CPI dos Bingos (a decisão da Justiça impedindo que falasse, a violação da sua conta bancária e um pedido do governo para investigá-lo por "lavagem de dinheiro") abalou sua confiança no país. Seu maior desejo hoje? "Ir para bem longe do Brasil."

O caseiro está sem casa. Na última semana, dormiu num lugar diferente a cada noite. Equipes de TV rondam seu último endereço, em São Sebastião (DF), fazem perguntas aos vizinhos sobre seu dia-a-dia e querem saber "quem paga o aluguel". Não voltou mais para lá. Numa noite, dormiu no escritório do advogado. Na maior parte das vezes, em casas de amigos. Por causa das pressões, teve problemas com sua mulher, Nelma, com quem vive há sete anos e tem um filho da mesma idade.

Parou de freqüentar o supletivo (ele estudou até a 5ª série) assim que suas declarações vieram a público. Na noite do dia 17, quando foi revelada a violação de seu sigilo bancário, desabafou à Folha: "Minha avó está passando mal. Se alguma coisa acontecer com ela, eu me suicido". Ela tem 67 anos e teria desmaiado ao ver na TV o neto sendo "desmentido".

Uma semana depois, Francenildo descobriria ser alvo de um inquérito policial. Chorou com um amigo e disse que pretendia voltar para o Piauí, sua terra natal, que deixou aos 16 anos de idade, com R$ 30,00 no bolso e a mãe ao lado.

"Queria chorar um dia e uma noite seguidos", disse logo após deixar o prédio da Procuradoria Geral da República, onde fizera a enésima narrativa de tudo o que disse ter visto na casa do Lago Sul alugada por ex-assessores do ministro Antonio Palocci (Fazenda).

O caseiro disse que não tinha a mínima idéia do que ocorreria a partir da decisão de procurar um amigo para dizer que queria narrar, na CPI, o que afirma ter presenciado na casa. Quando contou ao amigo o que pretendia fazer, o interlocutor antecipou a tempestade. "Ele me disse: "Tu quer chutar o balde mesmo?'", lembrou-se o caseiro. Francenildo disse que sua principal motivação foi ver pela TV "as mentiras" dos freqüentadores da casa. Disse ter ficado "indignado".

"Eu pensava que o negócio era só falar no jornal e pronto. Foi totalmente diferente", contou. Não esperava tornar-se um alvo da polícia e do governo. "Eles têm que investigar o [Vladimir] Poleto, o próprio [Antonio] Palocci."

Francenildo Costa está no olho de um furacão muito diferente de sua pacata rotina de limpar a piscina, cortar a grama e aparar a cerca viva, pela qual recebe R$ 700 mensais (agora está de licença, mas o patrão, o advogado Luiz Antônio Guerra, já avisou que vai mantê-lo no emprego).

(...)

O caseiro é um palmeirense doente. Um de seus orgulhos é ter uma camiseta autografada do goleiro Marcos. Na última sexta-feira, descobriu que um grupo de advogados quer recebê-lo em São Paulo, para lhe dar apoio. Ficou satisfeito com a possibilidade de conhecer o Parque Antártica.


meu deus. não é um empresário milionário, um senador da República, um lobista poderoso, um governador. é esse cara que o PT tá tentando destruir. já quebrou o sigilo bancário dele sem ordem, já escancarou que ele nasceu fora do casamento do pai, já fez com que ele sentisse vontade de ir embora do país. agora falta o quê?