segunda-feira, dezembro 01, 2008

blefaroespasmo

depois de muito adiar, assisti ontem "Os sonhadores". eu não confio 100% em nenhum diretor, já que, do Kevin Smith ao Woody Allen, todos eles têm uma fase bem cretina na vida. por isso, e por não ter visto outros filmes do Bertolucci, o fato de que esse era um filme dele não me dizia absolutamente nada. mas o filme é bom, tirando por algumas das nojeiras a que somos expostos - o incesto, por exemplo. de resto, o que dizer? tem figurinos muito bons, uma trilha sonora adequada, a contraposição entre o idealismo de tocar a vida daquele jeito com o que acontece no mundo fora do apartamento, a lucidez do personagem do Michael Pitt ao explicar pros gêmeos bo-bos (bohémian bourgeoises) que socialismo não é aquilo que eles acham que são - ao contrário: é só uma maquina de matar, ainda pior que a repressão de que os dois tanto reclamam (a dos pais).

tem algumas cenas bem brutais, como os castigos pagos a cada vez que um deles erra um filme, mas tem outras bem doces, como quando os personagens do Michael e da Eva vão a um cinema, e é o primeiro encontro dela em toda a vida. mas mais do que a apologia ao cinema-arte, à França, ao maio de 1968 e a fumar dentro da banheira, "Os sonhadores" mostra que, quando se tem Eva Green no elenco, o que você leva do filme para o resto de sua vida... é a Eva Green. e se ela passa o filme todo sem roupa, com cenas de nu frontal (como é o caso), mais ainda. sendo assim, embora eu não ache que as nojeiras do filme sejam irrelevantes nem de alguma forma tenham um lado positivo, elas acabam obscurecidas por miss Green como veio ao mundo. se o Bertolucci queria que a gente visse um lado bonito nas perversões dele, lamento dizer, comigo não conseguiu. mas se ele queria uma bela moldura para a atriz francesa - que tem um olhar muito parecido com o dela - tem aí os meus aplausos efusivos.

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