segunda-feira, dezembro 01, 2008

leveraged buyout

da semana passada para cá eu já comecei uns cinco posts que não ficaram interessantes o suficiente para figurar aqui. ainda pensei em publicá-los de uma vez, como b-sides, mas não tem o que se salve ali. isso é reflexo, um pouco, da constatação de que as coisas por aqui não andam mesmo interessantes, e isso na minha vida.

sete anos atrás, o Carlos Heitor Cony, colunista da "Folha de São Paulo", esteve em Deprelândia para uma palestra na emissora de rádio local. fui lá com o meu pai, e a uma certa hora ele falou uma coisa extremamente verdadeira, sobre a qual até escrevi uma vez: gente feliz não escreve - especialmente sobre a própria vida. ele deu o exemplo da própria vida, falando de como ficou anos e anos na Europa, passeando e se divertindo, sem ter escrito uma linha. e que só voltou a procurar as palavras quando sentiu alguma coisa de ruim cujo mal-estar poderia se diminuir escrevendo.

de uns meses pra cá a minha vida tem sido exatamente assim: o trabalho anda uma delícia, as coisas vão bem na academia, fiz um plano profissional para curto prazo que já está sendo executado e que tem boas chances de se tornar algo legal, voltei a escrever sobre música (mas apenas sobre coisas felizes)... sem contar as coisas com ela, capaz de me fazer viajar até São Paulo - e para qualquer lugar do mundo onde ela estiver, por supuesto. as coisas andam tão bem que a música que mais escuto, numa média de cinco vezes por dia, é "In my arms", da Kylie Minogue, que é extremamente pra cima. com tudo isso, minha vida não tem rendido tanto assunto, pouca polêmica, zero neurose. até sobre os momentos mais legais, como os da última quinta-feira, no Senado, ando com preguiça de escrever, meio que lembrando daquela coisa do André Malraux, ex-ministro da Cultura francês, de guardar na memória e só. ou em um livro de memórias, quando eu for velho o suficiente para um.

então é isso: eu quero ter assunto, mas a vida tem sido legal demais para ter um. e não, isso não quer dizer que eu queira deixar a felicidade, ao contrário: apenas queria poder ter as duas coisas ao mesmo tempo. esse post pode ter continuação mais à frente, mas não garanto.

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