sexta-feira, outubro 12, 2007

pera aí

minha irmã me veio, na terça, com o fato de que está cansada do Brasil. caiu na real, perdeu as esperanças, acha que o país não tem jeito e que nobody gives a damn about anything here. ou seja, a solução é próxima à portuguesa, se é que emigrar é uma solução. logo de saída ela veio falando do Reino Unido, embora, na área de atuação dela - biologia - o melhor é ver as condições de Canadá e Irlanda, países que querem gente das biológicas e das exatas.

disse isso pra ela e na quarta falei de um plano que ela pode fazer para sumir do país em um ano. ela gostou do que propus e prometeu colocar mãos à obra. aí ontem ela quase foi assaltada por um droguinha com uma garrafa de cola em mãos (ela mora em São Paulo, capital). e ficou com mais vontade ainda de sair daqui.

durante o tempo em que fiquei subaproveitado no trabalho, me recusando a fingir que planejava alguma coisa na Gerência de Planejamento, pensava todo dia em ir embora do país. apesar de falar inglês e italiano, e entender o espanhol, precisava ser para algum país onde pudesse escutar o português todo dia - minha cabeça doeu bastante depois de passar quatro dias trocando entre português e a mistura de espanhol e italiano que precisei falar para entender uns visitantes.

com essa história da Carol, a vontade de emigrar voltou, embora eu tenha, a princípio, dado um rumo para minha carreira. as opções são poucas. se eu fosse engenheiro, teria ido para o Timor Leste quatro anos atrás, ajudar a reconstruir o país e dar porrada em australianos gente-boa que também foram para lá. não sei a quantas anda a reconstrução local nem sei como um bacharel em Direito brasileiro pode ajudar, mas sempre me incomoda, no sentido de tomar uma providência, o fato de que há um lugar do outro lado do mundo onde há gente falando português e disposta a reconstruir suas vidas.

*

botei os amigos dentro do avião e lhes desejei uma boa viagem. quando dei as costas, vi que estava sozinho com a cidade. não é ruim - ao contrário, é bem agradável - mas dessa vez eu me senti como se tivesse que fazer alguma coisa com ela, e ainda estava ressoando nos meus ouvidos a conversa que tive ontem com o Anônimo, por telefone.

ainda não sei o que fazer, mas é hora de dormir um pouco, acordar mais tarde e trabalhar duro.

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