segunda-feira, julho 30, 2007

ficções do interlúdio

oi, tudo bem? comigo, por incrível que pareça, as coisas estão bem. tirei o gesso e estou fazendo onze sessões de fisioterapia por semana, que já me garantiram uns 75% da minha mão esquerda de volta. ela ainda treme e sente dores até ao girar a maçaneta da porta, mas a evolução me deixa um tanto confiante. comprei um Peugeot 307 (sinto muito, Marcelo, mas quando meu lado português-racional dá corda para meu lado italiano-passional, ao invés de refreá-lo, dá nisso) para substituir meu Fiesta Street e, com isso, manter minha promessa de sempre subir um segmento na hora de trocar de carro, até chegar ao meu sonho sueco. que ainda vai longe, é fato, mas por outro lado nunca esteve tão perto.

preciso dizer uma coisa: não sei o que fazer com este blógue. o que está acontecendo? algumas coisas. a primeiro delas é que o primeiro semestre desse ano foi, em certa medida, do jeito que eu precisava: um período de muita ação. por um lado isso é bom, porque te faz sentir vivo. por outro lado, não me lembro de ter apanhado tanto, mas não me lamento de nenhuma porrada que tomei, e foram muitas. por todos os lados. até pancada física, com essa mão quebrada, rolou. mas estou vivo e não desisti da minha vida.

a segunda coisa: preciso consertar algumas das coisas que me trouxeram até aqui. minha situação no trabalho, por exemplo. minha situação automotiva, por exemplo. minha capacidade de concentração e meu baixo índice de cara-de-pau, por exemplo. é certo que nenhuma dessas coisas vai ter uma resposta definitiva, quanto mais em um semestre, mas é preciso agir. e é hora de, mantendo a sinceridade, guardar certas coisas só pra mim.

eu nunca fiz tanta coisa na minha vida. e nunca me senti tão descansado quanto agora. mais do que isso: estou, pela segunda vez na vida, consciente que sentirei um travo de nostalgia desses tempos no futuro, por mais que tenha me dado mal. e eu já não sinto saudade alguma da primeira vez em que isso rolou, o que é um grande alívio.

finalmente, retomo o assunto "sinceridade", do final do terceiro parágrafo: assisti ao "Um último beijo" ("The last kiss", no original) e adorei. mais do que isso, me identifiquei bastante com o personagem principal, vivido pelo Zach Braff. e o personagem em questão é uma pessoa medrosa, o que é algo que precisa ser resolvido na minha vida. inclusive com o blógue. passei, durante cerca de um mês (do começo de maio ao começo de junho), por um tratamento de choque para me livrar desses medos. consegui por um tempo, mas é óbvio que esse tipo de medo não desaparece de uma hora para outra, e eis-me aqui com ele de novo.

trata-se de um medo social, nos relacionamentos que tenho com as outras pessoas. comigo mesmo, não tenho um medo sequer, apenas um sério problema de falta de concentração que pode me levar a problemas externos - e daí surgem os medos sociais. o jeito, por enquanto, é retomar o tratamento de choque na medida do possível (ele é muito caro, o que é um problema) e seguir em frente como na letra de "Broken heart", do Spiritualized, com um sorriso nos lábios, e me perguntando, dentro do meu agnosticismo, se essa porra desse destino existe ou se isso é apenas algo que criamos para tirar o nosso da reta, isentando-nos de qualquer responsabilidade sobre what ifs e coisas semelhantes.

então é isso: eu não sei o que fazer com isso aqui e não aceito sugestões. mas obrigado por aparecer, um beijo e vamos em frente.

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