terça-feira, novembro 28, 2006

esperas

ela era uma garota de classe média
ela estava acima de sua cabeça
ela achou que pudesse
permanecer em pé à beira do abismo

ele tinha um sorriso à prova de balas
ele tinha dinheiro para queimar
ela achou que tinha a lua
em seu bolso

mas agora ela morreu
ela está tão morta
morta e adorável para sempre, agora

disseram para que eu sempre me
lembrasse disso...
não deixe uma idiota te beijar
nunca se case por amor

ele era difícil de se impressionar
ele sabia os segredos de todos
ele a colocou em seus braços
como se fosse joalheria

ele nunca cedeu mas conseguiu
ele a mantinha sob suas rédeas
ele não é o tipo de gente
com que você contaria

mas agora ela morreu
ela está tão morta
morta e adorável para sempre, agora

chegue mais perto, olhe com atenção
você caiu rápido
como um avião no mar
em meio a uma tempestade

ela inventou alguém para ser
ela inventou um lugar de onde viera
isso não é um problema
em lugar algum do mundo

tudo aquilo plantado lá atrás
será sempre germinado
logo todos que você conheceu
terão ido embora

mas agora ela morreu
ela está tão morta
morta e adorável para sempre, agora

disseram para que eu sempre me
lembrasse disso...
não deixe uma idiota te beijar
nunca se case por amor

tudo tem seu preço
o que é mais romântico
do que morrer ao luar?

agora todos olham para o mar
o que se perdeu não pode estar partido
ela tinha raízes tão doces
mas elas eram tão rasas

mas agora ela morreu
ela está tão morta
morta e adorável para sempre, agora


essa é a letra de "Dead and lovely", uma balada do Tom Waits gravada dois anos atrás e que só agora eu dei a devida atenção. a forma como a voz cavernosa dele vai contando a história, como se estivesse num bar mal iluminado na beira de alguma estrada no interior do Tennessee, é fantástica.

e é claro que não, ela não precisa estar fisicamente morta para estar morta. aliás, é o que menos acontece.