quinta-feira, abril 06, 2006

mafuzado até o sexto
it's a small world after all: eu já paguei sapo de um indiciado pela CPI dos Correios. assim, na lata dele.

no segundo volume do relatório final disponibilizado pela página do Senado Federal, que ainda está sem as 35 modificações feitas ontem, aparece, à página 493, uma mênção a "IRB - caso Guaratinguetá", e enquadra o comendador Giampaolo Bonora, cônsul honorário da Itália na cidade, no crime de peculato (artigo 317 do Código Penal mandioca).

o comendador Bonora é dono da Companhia Fiação e Tecidos Guaratinguetá, uma empresa têxtil que produz cobertores, mantas e semelhantes, mas que é conhecida na região pela facilidade como pega fogo - de brainstorm, lembro-me de quatro ocasiões em que suas instalações se incendiaram. e numa delas o Instituto Brasileiro de Resseguros, órgão que foi investigado por crocodilagem, pagou uma apólice à empresa do comendador Bonora... feita nove meses depois do incêndio.

estudei italiano por um ano no consulado italiano da cidade, que é tocado por ele. um belo dia il commendatore visitou as salas de aula, no exato instante em que eu perguntava à minha professora como se diz "farofa" em italiano. dona Gilka, uma senhora muito paciente e de didática perfeita, disse-me que não existia farofa na Itália - coisa que já sabia - nem nada parecido. sugeri que fosse "la faroffa", com a letra "o" fechada e dois éfes, de acordo com a ortografia do idioma.

nisso o comendador pôs o narizinho na porta e a cumprimentou em italiano. reconhecendo o homem, não perdi a oportunidade de estender o debate, bastante pertinente, e mandei:

"- commendatore, como se dice 'farofa' in italiano?"
"- che?"
"- si, farofa, quella cosa che mangiamo"
"- non ha farofa in Italia."
"- perché non possiamo parlare 'faroffa', con le due 'f'?"

ele não achou graça. minha professora interveio e acalmou o comendador, que deve ter se incendiado por dentro. ops.