terça-feira, abril 07, 2009

vegetal

preciso dizer uma coisa: nunca torci tanto para um dia acabar. e não havia nenhuma missão impossível, nenhum desconforto pré-agendado, tampouco eu teria que interagir com gente que não gosto, dentre outras coisas ruins.

mas aconteceu que acordei me sentindo frágil e cansado, às quatro da manhã. perdi o sono por algum motivo que ignoro, e devo ter demorado uma hora, uma hora e meia até voltar a dormir. meu corpo estava bem cansado, e não conseguir descansar nessas horas é de enlouquecer o cidadão. quando o despertador tocou, era óbvio que não estava totalmente recuperado, mas fui logo me arrumar tentando ignorar.

quando cheguei no trabalho, vi que a Solange estava com uma cara de sono mais forte que a minha. perguntei se ela também estava insone e ela disse que não, estava se recuperando da viagem que fez. e me falou que se eu havia perdido o sono era porque havia alguma coisa me preocupando. respondi que não, que estava tudo bem, que minha vida estava ótima (e está), não havia nada capaz de me deixar assim. com o meu corpo reclamando da falta de sono e com dores na coluna e na perna, fui fazer a primeira parte do Geólogo, fiz dois relatórios estratégicos para a Telerj e ainda apurei os votos da enquete da Popload - na parte que me coube, o show do Radiohead teve o quádruplo dos votos do segundo colocado, vamos ver como fica no cômputo final.

enquanto isso Brasília, essa cidade deslumbrada, ia imitando Londres no clima e a chuva ia caindo e parando, caindo e parando. sem vontade de tomar caldinho ao sair para comer, encomendei comida. enquanto esperava, lembrei do dedinho dela, que agora era ameaçado por uma das classes de pessoas que eu gostaria que fossem extintas da face da Terra, e senti vontade de quebrar a cara de quem ameaçasse perturbá-la no trabalho. descobri que a Publisher agora aceita assinaturas da GQ Portugal no Brasil (com aquele atraso de quatro meses que já mencionei) e fiz a minha. à tarde, em compasso de espera de uma reunião que aconteceria sem mim, terminei de atualizar o Geólogo, visitei aquele monte de páginas de moda e carros e fiquei pensando em umas estratégias para aquela missão impossível que nos deu um descanso nas duas últimas semanas mas que, soube disso hoje, volta com força dobrada na semana que vem.

ao chegar em casa, a vontade de ir à fisioterapia era zero, mas não tinha jeito: todo dolorido e sem querer desmarcar em cima da hora, me arrastei até lá, debaixo de chuva e ouvindo o disco da Charlotte Gainsbourg, que é um daqueles que, independente do que dizem as letras, me falam que tudo vai dar certo, que tudo acabará bem. na saída, um pouco menos frágil do que quando cheguei, ainda tive coragem de ouvir um Radiohead e voltar devagarinho pra casa, por um caminho mais longo (eixinho W desde a 16), louco por três coisas: para que o dia acabasse, por uma dose de Bailey's (que era exatamente a quantidade que tinha na garrafa) e por um abraço, que fica para outro dia.

mas agora tudo está bem, foi só o cansaço mesmo. minha vida continua legal, e tem uma história que mostra bem o que quero dizer: dois meses atrás eu percebi minhas primeiras rugas embaixo dos olhos e, para além de passar um hidratante ali de vez em quando, não fiz disso um grande problema, não fiquei inconformado, nada do tipo. claro que quero não ter esse tipo de coisa, mas tem tanta tragédia de verdade por aí, como esse terremoto na Itália, não? sobre o dia de hoje, que não foi ruim, apenas frágil, já está tudo resolvido: em menos de três horas ele vai embora. um abraço, 7 de abril: você já vai tarde.

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