terça-feira, abril 10, 2007

cimbalino

depois de três anos com algumas coisas mal resolvidas num determinado assunto, e ciente de que, enquanto ele não for resolvido ele vai continuar a reaparecer, decidi chamar a bronca desde a atual aparição, duas semanas atrás. quando o envolvido me ligou, fui incisivo:

"- vai ser a mesma merda dessa vez?"

do outro lado da linha, gelo. disse, então, que não era certo tentar resolver isso da mesma maneira, porque depois de um mês com todo mundo andando como se pisando em um campo minado, a primeira mina - que não existe no solo - explodiria mesmo sem existir. e aí seriam onze meses de enfermaria, estilhaços de mágoas por todos os lados, coisas assim.

perigoso. então decidi exercitar meu lado diplomático, esse que por tantas vezes deixo escondido quando preciso, e falei logo a ele que não toparia a mesma conversa pela quarta vez; mais ainda, que os dois teríamos de ceder, e já fui dizendo logo em quê cederia. e foi bastante coisa - tantas que, se eu não me conhecesse, acharia que a intenção inicial foi desfigurada, quando ela apenas se transmutou. mas do lado de lá foi a mesma renitência:

"- o que eu quero é que (...)"

ouvi esse discurso da última vez e continuo sem concordar:

"- eu fiz a minha parte, cedi um tanto, quero negociar. mas se você quer isso, sinto muito, estou desligando e não quero que você me procure de novo." - eu disse, sabendo que essa parte final não aconteceria ali.
"- mas o que você me sugeriu agora..."
"- é bem razoável e tem muito pouco do que eu queria antes."

mas ele não quis saber, e tentou me enrolar durante toda a primeira semana. quando viu que aquilo não estava dando em nada, me procurou de novo hoje.

"- tá tudo bem?"
"- não tá, e você sabe disso."
"- o que foi?"
"- você tentou me enrolar essa semana."
"- pára com isso, tentei enrolar p**** nenhuma."
"- tentou sim. duas vezes. quer que eu te conte em detalhes?"
"- desculpa."

foi a primeira vez que ouvi (na verdade li) um pedido de desculpas vindo dele. fiquei espantado, claro. e repetiu a mesma ladainha, que a minha proposta não era possível, etc. e falando isso da autoridade de quem não cedeu durante anos. depois de repetir tudo isso, concluí dizendo que não tinha mais o que falar. ele se desesperou, e eu disse que aceitaria uma contra-proposta, desde que não fosse ofensiva - leia-se "o que já fora proposto" por ele, sem novidades. e a nova proposta não veio.

acabou por aí? o capítulo de hoje sim. mas como um fã de "Nothing really ends", do dEUS, imagino que venham mais coisas por aí. experiência própria. o pior é que tenho vários assuntos pendentes na minha vida, em todos os aspectos. enfrentar este como fiz hoje foi algo que requereu uma coragem que, confesso, não costumo ter. e quarta-feira que vem, no final da tarde, terei de enfrentar um outro assunto tão grande quanto o de hoje, se não for maior.

*

nota: "cimbalino" é o nome que se dá ao cafezinho na cidade do Porto.