sábado, novembro 18, 2006

paralisia cerebral, margens de ebitda insuficiente, relógios de 30 mil reais e você nos braços de outra pessoa

liguei pro meu tio essa semana, pra jogar conversa fora. ele tá eufórico com o mercado de ações: renda fixa já era. e olha que ele, até pouco tempo atrás, era o cara mais conservador do mundo quando o assunto eram as economias próprias dele.

hoje não. hoje ele lê balanços, puxa informações sobre fusões, aquisições, incorporações e outras movimentações societárias das empresas listadas em bolsa, essas coisas. e disse que ano que vem, quando eu conseguir reter uma grana do salário da Telerj, vai me ensinar umas coisas sobre investir nesse pedaço.

botei fé: para mim, que não herdei nada do meu avô materno e que não tive educação para seguir os negócios da família, é um belo jeito de, com sorte e informação, tornar-me sócio capitalista de alguma coisa. é meu atual objetivo de vida, especialmente por depender primordialmente de mim.

*

meu tio, acho que já disse aqui, é meu orientador profissional: sempre que tenho alguma dúvida sobre carreira, lá vou eu ligar pra ele. é bom que ele me tranqüiliza, e eu espero que ele não esteja exagerando quando acha que eu posso ir longe. tudo bem que isso depende de mim, não dele, mas é bom ouvir.

conversamos sobre macroeconomia, teorias de regulamentação, perspectivas de se ganhar alguma coisa comprando ações da Gol depois do vôo 1907, coisas assim. o mais importante, no entanto, foi ele pedindo para que eu não me afobe e para que esqueça essa história de "ter tanto dinheiro com tantos anos". para o meu tio, as oportunidades surgem só quando não se pensa desse jeito.

mas como eu, que morro de antevéspera, posso engolir isso? com paciência, com "Time has told me" no repeat. e com certas condutas que, embora não sejam do meu feitio, podem ser uma boa... vamos ver...