quarta-feira, novembro 01, 2006

dentro do conceito de elasticidade

Blink 182 - "What's my age again"

hoje, durante uma aula de Economia da Regulação, fiz uma pergunta ao professor, achando que tinha redescoberto a roda ao apontar uma possível conseqüência de um modelo econômico que não constava na lista de prós e contras por ele elencada num slide de sua apresentação. como poucas vezes na vida, fui claro ao explicá-la, não gaguejei em nenhum momento e vi, com o canto do olho direito, que ela olhou para mim - embora isso não queira dizer nada.

o professor, que leciona na UnB e é doutorando, começou a resposta com uma pergunta: "quantos anos você tem?".

pronto. na hora pensei que ali estava configurada uma situação cuja resposta só é conhecida por maiores de trinta e sete anos. hesitante, cheguei ao cúmulo de errar a minha idade e falei "vinte e cinco", talvez pela angústia e pela vontade de enfiar a cabeça por entre as pernas, escorrendo para debaixo da carteira escolar.

mas não era isso: ele apenas utilizou um exemplo típico da adolescência - dizem os boatos que esse professor já foi adolescente, ages ago. ao final, explicou que a minha constatação faz sentido sim, mas é tolhida pelos limites do conceito da elasticidade e pelo fato de que dificilmente um aumento de liquidez por corte de tarifas será aplicado dentro do mesmo setor.

não entendeu? relaxa, um dia eu arrumo palavras para explicar melhor. quem sabe quando tiver a idade dele...

*

em tempo: ele perguntou a minha idade de novo no final, e eu respondi "vinte e quatro". ao contrário do que se pode pensar, não escondi a idade por temer piadinhas sobre "rá rá, a idade do veado!". é que minha classe é composta, praticamente fifty / fifty, por advogados e engenheiros. sou um dos caras mais novos da turma - ou até mesmo o mais novo, não sei. e enquanto o pessoal da Engenharia tem uma idade de trinta e tantos a quarenta e poucos, o pessoal do Direito mal tem trinta.

e o pessoal da Engenharia está ali para amarrar o burro na sombra, de olho na estabilidade do funcionalismo público e da remuneração interessante (atenção: é "interessante", não "ótima": é mais do que preciso e menos do que quero). os adevogados, por sua vez, pensam nesse emprego como meio, antes do que fim. daí fiquei com medo de revelar minha idade, já que algum engenheiro ali presente poderia ter uma visão Cockeriana da vida e pensar "tenho quinze anos de experiência e vou ganhar o mesmo tanto que esse fedelho. pqp...". tinha medo de deprimir alguém com isso, sem sacanagem.

eu, pessoalmente, não penso nem como meio, mas como começo. afinal de contas, quero ser o novo Mário Garnero, certo?