domingo, agosto 13, 2006

sociologia de supermercado

sempre ouvi uma história de que alimentos frescos é que são bons, que esse negócio de enlatados e coisas estocadas por muito tempo é coisa ruim, do tinhoso, uma bomba-relógio à saúde. encucado com isso, decidi ter pouco estoque de comida em casa - a medida evitaria, por tabela, a atividade engordativa.

hoje eu fiquei completamente sem comida, a não ser pelo pacote de biscoitos portugueses com sabor a geléia de manga que comprei para a Carol, então desci ali no Pão de Açúcar e fui pegar um pouco de junk food fresquinha. nem tão junk assim: pão, queijo magro, suco, cereal matinal, um noodle e bolinhos, apenas para ter algo até a terça-feira.

esperando minha vez de passar pelo caixa, que estava bem demorado, comecei a observar os cestos que os outros levavam: praticamente todo mundo tinha tido a mesma idéia que eu. mais do que isso, é o que o Felipe me disse faz umas duas semanas, quando se mudou aqui pro Sudoeste: o Pão de Açúcar local é a "despensa" desse pessoal. desde o casal de meia-idade que só foi comprar pão de leite e um potinho de canela ao alemão com camiseta Abercrombie & Fitch que pegou um Haagen-Dazs sabor a praliné e queijos caros, passando pela garota de vestido multicolorido que deve ter passado o domingo tomando sol e agora queria pêras, suco de uva e biscoitos salgados.

quer dizer, ninguém no Sudoeste parece fazer a "compra do mês", aquele expediente tão usado até a era Collor, onde a despensa de geral vivia abarrotada uma vez por mês, depois que se passavam uns três carrinhos numa compra alucinada. num bairro cheio de aposentados, profissionais liberais, recém-casados e gente que almoça fora, não faz sentido algum agir desse jeito - sem contar que a inflação esse ano é capaz de nem chegar aos três por cento (ótimo).