terça-feira, agosto 15, 2006

do lado negro da força e do peso das minhas palavras

então a minha insônia acabou e eu estou aliviado: passei no concurso. ou seja, vou trabalhar pro governo, o lado negro da força. ganhando um salário razoável (para os meus padrões, estadunidenses; pro padrão brasileiro, eu vou ganhar bem), com estabilidade e tudo mais.

liguei em Deprelândia e contei pro meu pai. ele ficou feliz à beça, deixou transparecer algo do tipo "eu sabia que depois de um ano e meio em Brasília você acharia algo". minha mãe parecia que ia ter um infarto, pela voz que fez. tanto que liguei de novo, duas horas depois, para ver se tava tudo certo com ela. a Carol disse "pelo menos alguém na família vai se dar bem". como se ela não fosse, quá-quá.

foi complicado manter a expectativa em segredo. todas as pessoas que souberam quantos pontos eu fiz na parte objetiva da prova só souberam porque me pressionaram pra que eu contasse. não queria frustrar expectativa de ninguém - muito menos criar as minhas. mas ontem, antes de dormir, eu já pensava em como será a minha vida depois dessa. summer school na LSE, uma bicicleta ergométrica, um notebook Apple... e o adeus definitivo ao cheque especial, essa coisa que me atormenta metade do mês.

ainda vai levar uns meses até que eu seja chamado para o curso de formação e comece a viver a vida louca. até lá, tem umas coisas que eu preciso realizar, e não vou ficar parado. das três decisões que a minha vida sofreria em dez dias, esta é a primeira de que soube o resultado. outra vem no domingo, outra pode nunca vir - porque não depende apenas de mim e das minhas palavras.

*

não seria exagero dizer que setenta por cento do que eu consegui na vida foi por meio de coisas que escrevi: o livro, o concurso público, a minha vida amorosa. isso demonstra o quanto eu sou grato ao fato de conseguir escrever seis folhas de papel por dia.

*

finalmente, aos amigos que me deram força durante esse período de viroses, neuroses e lesões por esforço repetitivo: muito obrigado. e permanece o que eu disse nos agradecimentos do livro: "isso é só o começo!".