quinta-feira, agosto 30, 2007

nióbio

sim, meu amor, saí com o carro à noite e só voltei agora. porque eu só teria pressa de voltar pra casa se você estivesse aqui. fechei os vidros, liguei o som e coloquei aquilo que você chamaria de "seqüência de clássicos da baixa auto-estima" e cruzei a cidade atrás de lugares e números que me fizessem chegar até você. vinte e sete, vinte e um, vinte e três: qualquer coisa entre o dezenove e o trinta me faz lembrar de você. mas qualquer outro número também. e subi, desci, peguei retornos, acelerei e fiz aquilo que eu mais faço quando penso em nós dois: frear. porque você tem medo dos pardais e de toda aquela velocidade da sua rotina de paroxetina, na qual você só não toma uma multa por velocidade mínima por andar de metrô e virar passageira da própria vida. voltando ao passeio, eu poderia decorar cada quadra, cada bloco e conjunto no caminho até sua casa, mas isso não vai desobstruir as vias que me levam até você, devidamente protegidas vinte e quatro horas pela sua guarda alta, que só me deixa ver seus verdes olhos porque eles furam qualquer defesa - até mesmo a sua própria. e o frio na barriga me pega ao me aproximar: não é falta de gasolina nem são pneus descalibrados, mas o excesso de vontade de te dar uma carona. entenda uma coisa: talvez eu seja o Jaguar XK que você merece, embora não imagine nem que mereça nem que eu seja um.

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